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27 de dezembro de 2024 - 0:33h

A Folha Agrícola

Holandês e Girolando: diferenças durante o pré e o pós-parto

Conhecer o metabolismo e o comportamento dos animais é fundamental para determinar as exigências nutricionais e os métodos de manejo alimentar

Atualmente, os animais Girolando apresentam significativa importância em sistemas leiteiros em regiões tropicais devido ao seu crescente potencial genético, sendo  responsável por 80% da produção de leite no Brasil.    

Apesar da grande contribuição para a produção de leite, ainda são escassas as exigências nutricionais dessa raça, o que pode contribuir para a formulação de planos de nutrição inadequados, que comprometam a produtividade dos animais.

O conhecimento do metabolismo e comportamento dos animais se torna fundamental para a determinação das exigências nutricionais e métodos de manejo alimentar, principalmente durante o período de pré e pós-parto, em que ocorrem alterações endócrinas e metabólicas que, quando não bem coordenadas, podem acarretar aumento da incidência de problemas metabólicos. A predisposição para lipólise e casos de cetose durante o período pós-parto está também relacionada a partição de nutrientes.

Na raça Holandesa, após o parto é priorizada a produção de leite em detrimento da manutenção da condição corporal, ocasionando maior severidade do balanço energético negativo. Já nas raças zebuínas a produção de leite muitas vezes não é priorizada e o balanço energético negativo se torna imperceptível, por ser de curta duração e menor magnitude, não sendo raro observar ganho de peso logo após o parto.

As maiores concentrações de IGF-1 e insulina em vacas Girolando F1 no pós-parto, quando comparado a animais Holandês, demonstram a grande capacidade de adaptação ao balanço energético negativo.

Vacas Holandesas apresentam maior deposição de gordura visceral quando comparados a vacas Gir, que apresentam maior deposição de gordura subcutânea e menor tamanho e peso de órgãos internos. Assim, vacas Holandesas metabolizam a gordura mais rapidamente, já que a gordura visceral pode ser metabolizada de forma mais rápida e em maior quantidade que a gordura subcutânea, podendo causar maior predisposição à cetose nesses animais.

Stivanin et al., 2021 observaram que novilhas Gir e Girolando F1 alimentadas com as mesmas dietas das Holandesas durante o período de transição posuem maior escore de condição corporal (ECC) e menor consumo de matéria seca (CMS) em relação as novilhas Holandesas. Em comparação com as novilhas Gir, as novilhas Girolando F1 tiveram maior ECC e CMS. As novilhas Holandesas tenderam a permanecer mais tempo em cada visita com alimentação ao cocho e consumiram mais em cada visita em relação às demais raças, tanto antes quanto após o parto.

As diferenças no consumo entre as raças (Figura 1) provavelmente estão relacionadas às distintas exigências nutricionais para mantença. As vacas Holandesas, devido ao maior tamanho e peso dos órgãos internos, bem como maior atividade metabólica, apresentam maior exigência de mantença e capacidade ingestiva.

Novilhas Girolando parecem permanecer em um patamar intermediário com relação às exigências nutricionais de mantença e partição de nutrientes após o parto, mais próximo ao padrão metabólico observado em vacas Holandesas do que os padrões metabólicos das raças Zebuínas, sugerindo que o mérito genético para produção de leite pode ser um dos fatores causais para as principais diferenças metabólicas entre as raças no período pós-parto.

As pesquisas nesta área sugerem que o metabolismo e o comportamento alimentar de vacas zebuínas e mestiças não reagem igualmente ao metabolismo de vacas Holandesas, resaltando a necessidade de ofertas nutricionais e de manejo diferenciado durante o período de transição (pré e pós-parto) entre as diferentes raças, a fim de garantir o máximo de saúde, bem-estar e sustentabilidade em sistemas de produção de leite de países como o Brasil. 

Figura 1 – Consumo de matéria seca (CMS, % do PC) de vacas leiteiras Holandesas (H), Gir (G) e Girolando F1 (GH) com alto escore de condição corporal durante o período de transição.

As referências bibliográficas estão com a autora: elissa.forgiarini@premix.com.br       

* Elissa Forgiarini Vizzotto é zootecnista, doutora em Nutrição e Produção de Ruminantes e coordenadora de Leite da Premix

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