Ao longo de 13 meses, profissionais de campo serão capacitados para difundir as técnicas do sistema Integração Lavoura Pecuária Floresta junto aos produtores rurais
Nos próximos anos, o sistema de Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) deve ganhar ainda mais espaço nas propriedades rurais do Paraná. O Sistema FAEP/SENAR-PR e a cooperativa Cocamar, com apoio da Associação Rede ILPF, Embrapa e Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), criaram o Programa de Capacitação em ILPF, para treinar profissionais para prestar assistência técnica e fomentar a tecnologia entre os produtores paranaenses. O lançamento da iniciativa ocorreu no dia 30, na cidade de Maringá, com a presença de lideranças do setor, profissionais da área, agricultores e pecuaristas da região.
“Estou convicto que, ou fazemos o dever de casa na questão ambiental ou vamos enfrentar barreiras de mercado. Esse programa será a redenção do Paraná. Vamos somar as forças dos sistemas sindical e cooperativista para promover sustentabilidade, importante para a agricultura e a sociedade paranaense”, destacou Ágide Meneguette, presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR.
“Esse programa juntou importantes entidades do setor com suas especialidades para transmitir conhecimento aos produtores. Tenho certeza de que será um sucesso, com o agricultor e o pecuarista ganhando mais”, complementou José Antonio Borghi, presidente do Sindicato Rural de Maringá.
O Programa de Capacitação em ILPF vai ocorrer ao longo de 13 meses, até abril de 2024, totalizando 139 horas de formação com Dias de Campo, visitas técnicas e consultorias. De forma paralela, os técnicos da Cocamar e do IDR-Paraná e instrutores do SENAR-PR vão desenvolver projetos em propriedades rurais de cooperados da Cocamar para implementação das técnicas de ILPF ao longo do programa.
“Vamos criar conhecimento na área, para diversificar a propriedade, intensificar a produção sob a mesma área e aumentar a produção de grãos e carne nas áreas de baixa produtividade. Para isso é preciso um bom trabalho técnico de apoio ao produtor. Ou seja, precisamos criar técnicos para ajudar”, ressaltou Luiz Lourenço, presidente do Conselho Administrativo da Cocamar.
ILPF no Brasil
Atualmente, Mato Grosso do Sul conta com 3,3 milhões de hectares dedicados ao sistema ILPF, seguido pelo Mato Grosso, com 3,2 milhões, e Rio Grande do Sul, com 2,2 milhões. O Paraná tem apenas 633 mil hectares dedicados ao sistema ILPF, dados da Rede ILPF.
“Depois de iniciativas como essa, o Paraná vai figurar na ponta, pois é uma demanda crescente. Esse é um momento histórico, que vai marcar a história da agropecuária do Paraná. Essa interação vai permitir que a tecnologia gerada siga para o campo, não fique na prateleira. Por isso que programas como esse são importantes”, disse Adeney de Freitas Bueno, chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Soja.
“Quando encontramos parceiros como os deste programa, a gente agarra para desenvolver projetos de sucesso. Vamos disseminar conhecimento para todos que querem difundir esse sistema, que colabora para o desenvolvimento regional, além de crescimento ambiental, social e humano”, reforçou Isabel Ferreira, diretora executiva da Rede ILPF.
No cenário nacional, 17,4 milhões de hectares são usados com a tecnologia ILPF. A meta é atingir 35 milhões de hectares no país até 2030.
Foco no Arenito
Inicialmente, o foco do programa é o Arenito Caiuá, região conhecida pelo solo arenoso, baixa umidade e temperaturas elevadas. Nessa região, as atividades desenvolvidas em sistemas de ILPF desempenham papel importante para promover a recuperação de áreas de pastagens degradadas e aumentar a rentabilidade das propriedades rurais com o cultivo da soja.
“A região Noroeste precisa fazer uma revolução. Esse programa, juntando essas entidades, pode permitir que isso ocorra, para aumentar a renda do produtor, intensificar a produção na mesma área. Precisamos mudar o jeito de conduzir o Arenito, usando ciência e conhecimento, fazendo com que as pesquisas cheguem no campo. Esse programa é a oportunidade”, destacou Natalino Avance de Souza, diretor presidente do IDR-Paraná.
“Precisamos conciliar a produção de alimentos com a questão ambiental”
O evento de lançamento do programa contou com aula magna do consultor Paulo Herrmann, ex-presidente da John Deere Brasil e um dos mais conhecidos defensores dos sistemas integrados no país. “Até 2050, 60% da população estarão concentradas na Ásia e nós vamos ter que alimentar essas pessoas. Esse é o novo mundo para o qual vamos ter que produzir alimentos.
O Paraná vai ter que produzir 50% mais do que hoje e as circunstâncias sob as quais isso vai ter que acontecer é pela intensificação sustentável”, afirmou.
Herrmann frisou a importância da capacitação, principalmente dos jovens, para conduzir esses sistemas e trazer inovação para a agropecuária brasileira. Neste processo, destacou o compromisso das entidades do setor para conciliar a produção de alimentos com a questão ambiental, aproveitando a aptidão agrícola que o país possui.
“Nós precisamos de gente com capacidade para manejar essa tecnologia de maneira eficiente. Todos nós precisamos nos engajar nesse processo, ajudando a difundir conhecimento, dando suporte para que as pesquisas não parem e construindo narrativas, para que a futura de geração de brasileiros esteja conectada com o agro”, disse.
Sistema FAEP/SENAR-PR