Investir na sanidade animal e potencializar a nutrição do gado confinado pode garantir um melhor retorno financeiro ao final do ciclo
O sistema de engorda e terminação de bovinos em confinamento vem sendo aplicado ao longo de vários anos favorecendo o encurtamento do ciclo, o fluxo de caixa e possibilitando a produção de carne de melhor qualidade. Entretanto o ano de 2023 tem sido marcado por dificuldades para os confinadores em virtude dos baixos preços recebidos pelos bois terminados.
“Diante destes fatos, cabe ao pecuarista que optou pelo confinamento ser ainda mais eficiente aplicando cuidados em pilares importantes como a sanidade do rebanho confinado e a nutrição otimizada dos animais, a fim de reduzir perdas e garantir um maior retorno financeiro neste ciclo”, declara Marcos Malacco, médico-veterinário gerente de serviços veterinários para bovinos da Ceva Saúde Animal.
Ao ingressar no sistema confinado no momento de engorda, algumas particularidades que envolvem este modelo de criação podem ser mais desafiadoras ao gado e impactar as margens de lucro ao final do processo – ou mesmo ocasionar prejuízos ao produtor.
Cuidados com a sanidade do gado
A mistura de lotes de animais de origens diversas, por exemplo, expõe os animais à patógenos aos quais o seu sistema imune não está apto a combater. Como consequência, o desequilíbrio das barreiras naturais de defesa do organismo, também afetada pelo estresse do transporte prolongado, redução do espaço individual, formação de novos lotes exigindo nova socialização entre os animais, além de condições climáticas eu possam gerar poeira, lama, acúmulo de matéria orgânica, favorecem a ocorrência de doenças infecciosas que podem ser letais para os animais.
“Há algumas importantes enfermidades que ocorrem costumeiramente no confinamento dos bovinos de corte. A Doença Respiratória Bovina (DRB) ou pneumonia e as clostridioses ocupam lugar de destaque, devido a alta letalidade. As clostridioses podem ser evitadas de maneira simples, com o correto manejo de vacinação dos animais e adoção de boas práticas de manejo higiênico-sanitários”, explica Malacco. “A DRB também pode ser evitada através do emprego de vacinas específicas aplicadas corretamente, além de práticas de manejo que visem reduzir ao máximo condições favoráveis para a multiplicação bacteriana no trato respiratório dos animais. Entretanto, como a proteção proporcionada pelas vacinas não é imediata, até que essa proteção se torne eficiente (“período negativo da vacinação”), alguns cuidados devem ser adotados. Rondas sanitárias mais frequentes e criteriosas a fim de detectar precocemente os problemas, especialmente a DRB, devem ser realizadas durante as primeiras semanas do confinamento, permitindo rápida intervenção.”.
É importante mencionar que os principais agentes bacterianos da DRB são habitantes naturais das vias respiratórias superiores dos bovinos. Algumas situações que interfiram nos mecanismos de defesa nestes locais, ou mesmo de todo o organismo, favorecem a multiplicação desses agentes no trato respiratório superior e sua migração para os pulmões, onde causarão infecção e infamação severa. O excesso de poeira, comum nas épocas mais secas do ano, é uma destas condições. Também o excesso de lama e matéria orgânica contribuem. A desidratação e fome dos animais ocasionadas por transporte por longas distâncias também são fatores importantes e animais que passam por estas situações devem receber cuidados redobrados.
“No início do confinamento, nos primeiros 30 a 45 dias, é essencial que as rondas sanitárias ocorram diariamente em ao menos dois períodos diferentes. Animais com sinais de depressão (cabeça baixa, orelhas caídas, reagem pouco a estímulos não respondendo de maneira normal a presença de humanos, sons, etc.) devem ser cuidadosamente observados. Nas rondas, é importante que o peão estimule os animais a levantar e se movimentar para perceber qualquer sinal evidente de cansaço, relutância, tosse, espirro, corrimento nasal ou “olhos fundos”, que é um importante indicativo de desidratação. Diante de qualquer um destes sintomas, a intervenção precisa ser rápida e eficaz”, alerta o médico-veterinário.
A rápida intervenção tem como objetivo frear a infecção e a inflamação das vias aéreas dos animais acometidos pela DRB. O processo inflamatório ocorre em decorrência da multiplicação bacteriana local, com produção de toxinas, mortalidade de células de defesa e consequente liberação de substâncias que destroem o tecido pulmonar, promovendo a formação de trombos, deposição de fibrina e pus.
Para Malacco, o tratamento da DRB exige emprego de um antimicrobiano eficiente junto ao tratamento anti-inflamatório também eficiente e que traga o mínimo de efeitos colaterais. Para o tratamento da inflamação a melhor opção é a utilização de anti-inflamatórios não esteroidais (AINE’s) em formulações que promovam longo tempo de ação, além de menor impacto negativo sobre o sistema gastrointestinal e renal. O meloxicam possui estas características, sendo um AINE Preferencial COX-2, atuando na inibição da enzima envolvida nos processos inflamatórios e possuindo baixo impacto sobre a COX-1, enzima importante para proteção do trato digestivo. A opção antimicrobiana deve contemplar antibiótico que atinja rapidamente níveis para controle de infecções dos principais patógenos envolvidos na DRB, permaneça por longo período combatendo-os, e que seja capaz de chegar e ser liberada com facilidade nos pulmões, além de apresentar baixos índices de resistência por parte dos patógenos. O Florfenicol reúne tais características.
“Esta associação farmacológica, que pode ser encontrada no Zeleris®, permite uma rápida resposta e controle duradouro da inflamação e da infecção com dose única, promovendo a regressão do quadro e o retorno do animal ao seu estado de saúde adequado, com menos manejos, menos mão de obra, e maior bem-estar aos animais ”, reforça.
Quando não existe uma intervenção apropriada, as chances do animal ir a óbito são muito grandes. Em confinamentos onde há casos de DRB, o ganho de peso médio diário (GMD) dos animais afetados pela doença e que não vão à óbito é severamente comprometido, obrigando um maior tempo confinado para o alcance do peso desejado para o abate, o que também reduz o rendimento e a qualidade das carcaças. Este fato é agravado quando a inflamação não é convenientemente tratada. Por isso o anti-inflamatório e a formulação empregada deverão proporcionar pelo menos 3 dias de controle. Alguns AINEs, apesar de efetivos, possuem baixa meia-vida no organismo exigindo aplicações repetidas ao longo destes 3 dias.
Potencializando a nutrição do gado confinado
A mudança na dieta é outro fator relevante para os animais em confinamento. Diferentemente do sistema extensivo de pastagem, onde a base da dieta do animal é o volumoso, o gado mantido em confinamento tem uma dieta rica em grãos (concentrado) com o objetivo de aumentar o ganho de peso e melhorar a sua conversão alimentar.
“A principal forma de digestão dos bovinos é a fermentação ruminal. Quando o animal está à pasto, é o volumoso que sofre todo o processo de digestão para a obtenção da energia através do alimento, já quando o animal passa a ser confinado a base da dieta passa a ser o concentrado (grãos). A dieta rica em grãos de fato potencializa o ganho de peso e melhora a conversão alimentar dos animais, mas promove alterações no sistema digestório do gado”, Malacco explica.
O médico-veterinário conta que muitas dietas fornecidas no confinamento oferecem substratos ricos em energia e potencializam a atuação das bactérias existentes no rúmen, o que também potencializa a degradação de aminoácidos – moléculas que atuam diretamente no metabolismo orgânico geral, e em processos vitais como a produção de hormônios, fortalecimento do sistema imune, no desenvolvimento e manutenção de órgãos e tecidos.
“Os aminoácidos também são peças-chave na construção e aumento de massa muscular do animal, que é o foco do produtor que opta pelo confinamento. Por isso é altamente recomendável que os animais confinados recebam uma suplementação com aminoácidos de rápida assimilação no organismo para proporcionarem rápida reativação metabólica, contribuindo para a adaptação a novas dietas, regeneração tecidual e desenvolvimento muscular dos animais. Uma forma eficiente é a administração parenteral (injetável) de soluções que contenham todos os aminoácidos essenciais, que não são produzidos no organismo, além de aminoácidos não essenciais (produzidos no organismo a partir de outros aminoácidos). Essa suplementação por via injetável é fácil, segura e controlável”, o profissional continua.
Suplementos injetáveis, como o Roboforte® Injetável, já demonstraram resultados bem expressivos quando administrados ao gado no início do confinamento. Um estudo com Roboforte Injetável administrado no início do confinamento constatou que a suplementação foi capaz de promover um ganho médio diário (GMD) em torno de +0,300 kg/animal (PINTO et al., 2019).
“A pecuária de corte é uma atividade com seus altos e baixos, como todas as outras, e é importante que o pecuarista esteja atento às estratégias e possibilidades de mitigar prejuízos em épocas não favoráveis. Apostar na saúde e na nutrição do gado de forma eficiente, segura e com qualidade dificilmente irá impactar de forma negativa seus resultados, especialmente se isso for capaz de reduzir o tempo do animal no confinamento”, finaliza.
Sobre Ceva Saúde Animal
A Ceva Saúde Animal (Ceva) é a 5ª empresa global de saúde animal, liderada por veterinários experientes, cuja missão é fornecer soluções de saúde inovadoras para todos os animais e garantir o mais alto nível de cuidado e bem-estar. Nosso portfólio inclui medicina preventiva, como vacinas, produtos farmacêuticos e de bem-estar para animais de produção e de companhia, como também equipamentos e serviços para fornecer a melhor experiência para nossos clientes. Com 6.500 funcionários localizados em 47 países, a Ceva se concentra diariamente para dar vida à sua visão como empresa do Bem-Estar (OneHealth): “Juntos, além da saúde animal”.
Faturamento em 2022: 1,53 bilhão de euros.
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