O dia 19 de agosto marcou o Dia Nacional da Aviação Agrícola, relembra uma operação no RS, que em 1947 representou uma virada no País contra uma praga que ainda hoje preocupa a ONU e inaugurou um dos segmentos mais tecnológicos, exigidos e cercado de estereótipos do agro brasileiro
GABRIEL COLLE
Diretor-executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag)
O sábado (19 de agosto) marcou o Dia Nacional da Aviação Agrícola – oficializado em 1989 pelo Decreto Federal 97.699/89. A data de hoje celebra os 76 anos do setor no Brasil, a partir de uma operação de combate a gafanhotos ocorrida em Pelotas, em 1947. Numa época de poucos recursos e contra uma praga que ainda hoje ameaça com a fome populações de diversos países.
Onde o setor aeroagrícola integra inclusive as estratégias da ONU para combatê-la.
Porém, se de um lado o Brasil conquistou o status de uma das melhores e a segunda maior frota do setor no mundo – hoje com mais de 2,5 mil aeronaves que também combatem incêndios, fazem semeadura e aplicam biológicos; de outro, ainda precisa lutar contra preconceitos que, em tese, não deveriam sobreviver a um exercício básico de lógica. Como a famosa perda entre 70% e 90% (varia conforme quem fala) de produtos nas aplicações. Isso considerando produtos de alto custo – onde apenas uma carga de um avião de grande porte pode ter o custo de um automóvel de luxo. O que deixa claro que, se isso fosse verdade, o próprio agro teria extinguido a ferramenta.
O fato é que essas e outras alegações se multiplicam ao sabor de discursos de cunho político e apoiados mitos oriundos falta de conhecimento da população sobre a realidade no campo. Por isso, além de uma série de matérias em seu site relembrando personagens e cenários que convergiram para aquele 1947 em Pelotas (e dali para o resto do País), o mês de aniversário do setor teve ainda o lançamento de uma campanha contra os principais mitos em torno da atividade.
Prevendo desde publicações na internet e na mídia até corpo a corpo com formadores de opinião e políticos, bem como articulações com autoridades. Tudo para frear um movimento que, na prática, PROVOCARIA EFEITO CONTRÁRIO ao que diz defender. Gerando insegurança no campo, risco ao meio ambiente e aumento do uso de agrotóxicos no País. Em última instância, prejudicando a produtividade no campo (lembrando que produzir mais no mesmo espaço de terra diminui a pressão sobre áreas ambientais), além de tirar de cena uma ferramenta que é usada também no combate a incêndios florestais no pantanal e outros biomas. Sem falar que aviação agrícola abrange também o setor de drones – ferramenta que cada vez mais está substituindo as aplicações com equipamentos costais.
A ação busca, por exemplo, desconstruir mitos que foram parar longe: como no relatório do processo no STF que questiona a constitucionalidade da proibição da aviação agrícola no Ceará, que vale desde 2019. Processo que agora está na fase dos chamados embargos de declaração. A campanha prevê também a divulgação de informações sobre a história, importância e funcionamento do setor, abordando ainda sua legislação e, principalmente, desconstruindo os principais estereótipos em torno da atividade.
Na verdade, estamos reforçando um trabalho permanente do Sindag e que é feito também pelo Instituto Brasileiro da Aviação Agrícola (Ibravag). Baseado não só na consistência da informação em si, mas também na transparência. Por exemplo, assinalando o caminho para as fontes originais de cada argumentação apresentada. Além de, como sempre, estamos abertos a qualquer questionamento. Tudo em nome da segurança no campo e da racionalidade do debate.