Especialista do Serviço de Inteligência em Agronegócios, SIA, destaca a importância de fazer investimentos para minimizar os impactos da falta de pasto aos animais
Os produtores começam a enfrentar neste momento o chamado vazio forrageiro de primavera, que é a falta de pasto para os animais. Esta é a fase do ano em que o ciclo das pastagens de inverno está no final e que inicia o ciclo das pastagens de verão, e a demanda do rebanho por alimento não consegue ser atendida. Por isso, a importância da adoção de estratégias para tentar evitar perdas.
Muitos produtores que não têm pastagens nesta fase de transição utilizam suplementação aumentando, assim, os seus custos de produção. Em um cenário pior, esses suplementos não são fornecidos e os animais perdem peso. O gerente técnico da SIA, Serviço de Inteligência em Agronegócios, Armindo Barth Neto, destaca que a situação vem se agravando principalmente nas propriedades que têm trabalhado com arrendamento da soja. “Nestes locais há uma grande oferta de pastagem no período de inverno, o que sempre foi um problema no Rio Grande do Sul, e está sendo resolvido pela entrada da soja e o plantio das pastagens de inverno nas áreas que foram cultivadas com lavoura”, explica.
Barth Neto salienta, no entanto, que, por outro lado, essas áreas para semear a soja começam a ser entregues a partir de 20 de setembro, outra grande parte até o dia 15 de outubro, e uma pequena parte no primeiro dia do mês de novembro. “Em muitos casos, quando essas áreas são entregues ainda não tem as pastagens de verão prontas para receber os animais e muitos produtores acabam entrando com um excesso de lotação para esse período de Primavera/Verão, ou tendo que vender parte desses animais em uma época em que normalmente os preços já estão bastante baixos”, alerta.
Para tentar resolver esse problema e os animais seguirem ganhando peso e, principalmente, os produtores não tendo que aumentar os seus gastos com ração e silagem, a SIA tem sugerido algumas estratégias. A primeira é tentar organizar os contratos de soja para que as áreas sejam entregues para o plantio o mais tarde possível, como final de outubro. “Com isso, se consegue alongar um pouco mais o uso das pastagens de inverno nessas áreas”, pontua Barth Neto. Ele coloca, ainda, a opção de ter algumas áreas de campo nativo melhorado, com os animais em cima, e que ajudarão para um aporte forrageiro na primavera.
Outra estratégia destacada pelo gerente técnico da SIA, é estimular o crescimento das pastagens de verão, principalmente as perenes, o mais cedo possível, fazendo uma adubação antecipada em meados de agosto e setembro. “Desta forma, nessa fase primaveril se consegue uma boa quantidade de pasto, no momento em que as pastagens de inverno vão encerrando o seu ciclo”, salienta.
Conforme Barth Neto, mais uma opção seria a semeadura das pastagens anuais de verão, principalmente capim sudão ou milheto, em meados de setembro nas regiões em que é possível fazer isso, ou em outubro. “Com estas pastagens se estabelecendo mais cedo, será possível em meados de outubro ou em novembro, no mais tardar, ter um bom suporte forrageiro para esse período de transição”, afirma, lembrando a necessidade de investimento para a adoção dessas estratégias mas que, “com certeza, será muito mais barato do que gastar com silagem ou ração, ou que esses animais tenham perda de peso e os produtores sejam obrigados a vender numa fase bem desfavorável”. “Em resumo, são opções excepcionais para que o produtor tenha um impacto menor pela falta de pasto”, conclui.
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Texto: Rejane Costa/AgroEffective