Com o aumento de processos trabalhistas no setor rural, temas como vibração de máquinas pesadas que atingem o trabalhador (seja de corpo inteiro ou de membros superiores), manutenção de equipamentos e uso de pesticidas estão em alta. O perito Edgar Bull explica como a análise técnica pode proteger vidas e minimizar prejuízos financeiros no agronegócio brasileiro.

Nos últimos anos, o Brasil tem presenciado um aumento expressivo de processos trabalhistas envolvendo o agronegócio. Em um setor que é essencial para a economia do país e responsável por grande parte do PIB nacional, as questões de segurança do trabalho no ambiente rural se tornaram cada vez mais críticas. Com as especificidades do trabalho no campo, os empregadores rurais têm enfrentado uma série de desafios relacionados à manutenção de condições de trabalho seguras e adequadas para os colaboradores. Questões como a exposição à vibração excessiva de operadores de tratores, a manutenção de equipamentos e o uso de pesticidas são apenas alguns dos temas que têm gerado controvérsias e ações judiciais.
O consultor e perito Edgar Bull, com sua ampla experiência em segurança do trabalho e perícias, é uma referência na avaliação desses fatores. Para ele, a segurança do trabalhador rural é uma prioridade que exige atenção detalhada e soluções específicas, considerando a rotina e as condições típicas do campo. "No agronegócio, lidar com a segurança dos trabalhadores não é apenas uma questão de evitar multas ou processos, mas sim de garantir que essas pessoas, que têm uma função tão essencial na cadeia produtiva, possam trabalhar em condições dignas e saudáveis", afirma Edgar.
1. Vibração em operadores de tratores: o impacto silencioso
Um dos principais pontos de debate judicial tem sido o impacto da vibração em operadores de tratores e máquinas agrícolas. A exposição prolongada à vibração, causada pelo uso constante dessas máquinas, pode desencadear uma série de problemas de saúde, como lesões musculoesqueléticas e problemas na coluna. Embora invisível a olho nu, a vibração pode comprometer seriamente o bem-estar físico dos trabalhadores e, em casos extremos, causar incapacidades laborativas permanentes.
A perícia técnica, nesse caso, tem um papel fundamental em avaliar o nível de vibração ao qual o trabalhador é exposto e comparar com os limites estabelecidos pelas normas regulamentadoras. Edgar explica que a realização de uma avaliação precisa e detalhada permite identificar se a exposição está em níveis prejudiciais e como pode ser ajustada para proteger a saúde do operador. Essas análises exigem equipamentos específicos e uma metodologia rigorosa, e são essenciais para que empregadores e trabalhadores entendam os riscos e adotem medidas adequadas. Fazendo isso com a devida antecedência e de forma periódica, é possível se blindar das perdas milionárias oriundas de passivo trabalhista.
2. A importância da manutenção dos equipamentos
No agronegócio, o uso intenso de maquinário implica um desafio constante: a manutenção preventiva e corretiva desses equipamentos. Problemas com falta de manutenção adequada, como o não uso de engraxadeiras ou a troca tardia de peças, podem resultar em acidentes graves e desgastes prematuros das máquinas. Essa questão é especialmente sensível, pois muitas vezes os empregadores veem na manutenção apenas um custo adicional, sem considerar os impactos na segurança dos operadores e a possibilidade de acidentes e processos trabalhistas.

Edgar Bull ressalta que a falta de manutenção impacta diretamente a segurança e a eficiência no trabalho, sendo um dos motivos de muitos processos judiciais no setor. "Quando não se mantém um equipamento em boas condições, não apenas o risco de acidentes aumenta, mas também a chance de que a empresa tenha que responder legalmente por omissões e falhas que poderiam ser evitadas", afirma. Por meio da perícia, é possível identificar esses pontos críticos e orientar as melhores práticas para reduzir o risco de acidentes. Não se deve confundir a manutenção periódica mecânica com a questão ocupacional. Em que pese a realização de manutenção, se faz necessário efetuar a avaliação ocupacional para saber se os níveis encontrados estão dentro dos limites permitidos pela Lei.
3. Uso de pesticidas: o risco invisível
Outro tema de grande relevância é a segurança no uso de pesticidas e outros produtos químicos. O agronegócio, por sua natureza, utiliza uma vasta gama de pesticidas para proteger as plantações e maximizar a produção, mas o uso desses produtos apresenta sérios riscos para a saúde dos trabalhadores rurais. A exposição inadequada a esses produtos pode levar a intoxicações agudas e problemas crônicos de saúde, desde alergias até doenças graves, como o câncer.
Aqui, a perícia técnica é crucial para avaliar se as medidas de proteção individual e coletiva estão sendo aplicadas corretamente, além de analisar se os trabalhadores receberam treinamento adequado para o manuseio seguro desses produtos. A saúde dos trabalhadores rurais deve ser uma prioridade, e a aplicação segura de pesticidas faz parte dessa responsabilidade. É importante que haja um acompanhamento rigoroso para garantir que o uso desses produtos seja seguro e não comprometa a saúde dos trabalhadores.
4. As consequências financeiras e o futuro da segurança no agronegócio
Além dos riscos físicos e à saúde dos trabalhadores, a falta de conformidade com as normas de segurança do trabalho no agronegócio tem trazido impactos financeiros consideráveis para os empregadores rurais. As indenizações e multas aplicadas em processos trabalhistas podem gerar perdas financeiras severas, impactando não apenas o fluxo de caixa das propriedades rurais, mas também a imagem do setor perante a sociedade. A perícia técnica no local de trabalho realizada de forma preventiva, ao oferecer uma análise detalhada e imparcial, contribui para que as decisões judiciais sejam fundamentadas e justas, reduzindo os riscos de prejuízos financeiros e promovendo uma cultura de prevenção e segurança.
Edgar enfatiza que investir em segurança do trabalho é essencial para o futuro do agronegócio no Brasil. "A segurança dos trabalhadores é um pilar que fortalece a produtividade e garante a sustentabilidade do setor. Quando os empregadores compreendem isso, veem que a segurança não é um gasto, mas um investimento estratégico que traz benefícios a longo prazo", explica.
A atuação de peritos como Edgar Bull no setor agrícola representa um avanço crucial na construção de um agronegócio mais seguro, justo e produtivo. A segurança do trabalhador rural é um direito e uma responsabilidade compartilhada por todos os envolvidos. Ao incorporar práticas seguras e adequadas, o agronegócio brasileiro não apenas cumpre sua função econômica, mas também promove o respeito pela vida e pelo bem-estar de seus colaboradores. A perícia técnica é um alicerce para o desenvolvimento sustentável e humano de um dos setores mais importantes do país.
Edgar Bull – Engenheiro e Perito Judicial Especialista em Segurança do Trabalho
Edgar Bull é Engenheiro Civil formado pela USP, pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho e Higiene Ocupacional e bacharel em Direito. Com uma trajetória sólida e ampla experiência em perícias judiciais, ele atua como perito nos Tribunais Regionais do Trabalho da 2ª e 15ª regiões, além de ser membro ativo da Comissão de Perícias da OAB e professor de pós-graduação do SENAC. Responsável técnico pela EST da METRA, Edgar é referência em segurança do trabalho e avaliação de riscos, com um olhar especializado para a proteção dos trabalhadores e a conformidade legal das empresas.