O Sistema Diamantino é uma tecnologia que contribui para a renovação de pastagens degradadas. A tecnologia se baseia na correção da acidez e fertilidade do solo, e plantio consorciado de sorgo biomassa com forrageiras perenes. Esta pesquisa utilizou o Sorgão Gigante, da Latina Seeds, consorciado com os capins BRS Zuri (Panicum) e Marandu (Braquiária).
O sistema permite uma ou duas colheitas, gerando um volume significativo de forragem para produção de silagem, que pode ser utilizada para alimentação animal na propriedade ou comercialização. Após a colheita, entre 45 e 60 dias, a pastagem estará renovada, com alto potencial de lotação e produtividade.
“Essa tecnologia é capaz de transformar pastagens degradadas em produtivas. O sistema combina produtividade e retorno econômico, oferecendo uma alternativa que dispensa a expansão de áreas ou conversão para lavoura. Desta forma, trata-se de um modelo da pecuária para a pecuária”, comemora o diretor-executivo da Latina Seeds, Willian Sawa.
Publicação científica e lançamento da tecnologia
Após quatro anos de estruturação, desenvolvimento e validação científica em campo (2021-2024), a Embrapa Agropecuária Oeste e a Latina Seeds fizeram o lançamento do Sistema no dia 12 de novembro. Os experimentos para desenvolver o modelo foram conduzidos na área experimental da Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados, MS, e em propriedades privadas parceiras: o Sítio Cantinho do Céu, em Jateí, e o Sítio Tropical, em Vicentina, ambos em Mato Grosso do Sul.
Durante o lançamento, transmitido ao vivo no canal da Embrapa no YouTube (Assista aqui - https://www.youtube.com/watch?v=nsGAqMxDL-o) foi apresentada a Circular Técnica 56, intitulada: “Sistema Diamantino para produção de silagem e renovação de pastagem”, que reúne os resultados da pesquisa e consolida a validade científica do sistema. O documento é assinado pela equipe da Embrapa Agropecuária Oeste: Marciana Retore, Gessí Ceccon e Rodrigo Arroyo Garcia, e pela Latina Seeds: Willian Sawa.
O Engenheiro Agrônomo, Analista da Embrapa, Gessí Ceccon, alerta que o Sistema Diamantino deve ser implantado no início do período chuvoso, conforme descrito na Circular Técnica 56, além de outras importantes orientações para utilização da tecnologia.
A pesquisadora da Embrapa Agropecuária Oeste, Marciana Retore, fala que “o diferencial do Sistema Diamantino está na grande produção de forragem para o período da seca, conjugado com a renovação da pastagem. A expectativa é de que seja adotado em áreas de pastos degradados, tornando-os novamente produtivos, permitindo intensificar a produção pecuária”
Caso de sucesso
Durante a live de lançamento do sistema, Harley Nonato de Oliveira, chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste, destacou o Diamantino, definindo-o como “um ativo tecnológico de extrema relevância”. Ele aproveitou o momento para relembrar a história do pecuarista Héder Simões da Silva, do Sítio Cantinho do Céu, em Jateí, MS, e disse: “Foi profundamente tocante e revelou a real dimensão dessa tecnologia”. A experiência mencionada retrata a transformação na vida do Héder, que, em 2021, enfrentava dificuldades em sua pecuária leiteira. Diversos fatores associados, tais como: solo arenoso, áreas com pastagens degradadas, estiagem severa e baixo preço do leite, tornavam inviável a continuidade da atividade.
Harley disse que ouviu Heder dizer que ele e sua esposa estavam pensando em vender a propriedade e mudar de ramo, devido às dificuldades enfrentadas e que estavam prejudicando o manejo nutricional do gado leiteiro. Segundo Harley, o casal estava desesperançoso, quando a equipe da Embrapa falou do experimento com o Sorgo consorciado com os capins BRS Zuri (Panicum) e Marandu (Braquiária). Héder destinou 2,4 hectares para o experimento e sua produtividade aumentou de uma média de 7,4 litros por vaca por dia para cerca de 13 litros. O Sistema Diamantino também garantiu alimento para o gado durante os meses de seca.
Para Harley, o caso de sucesso do produtor rural Héder exemplifica o impacto das parcerias e do esforço conjunto: “Essa história evidencia como a união de conhecimentos e tecnologias pode transformar a vida do produtor rural, promovendo a sustentabilidade e a viabilidade do seu modelo produtivo”.