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25 de dezembro de 2024 - 2:55h

A Folha Agrícola

Fluxo de leite em vacas: como realizar avaliação?

A correta estimulação das vacas é um ponto essencial para garantir que a extração do leite ocorra de forma rápida, gentil e completa, e para isso os padrões de fluxo de leite fornecem informações importantes sobre a resposta da vaca às condições de ordenha.

A estimulação adequada do úbere e teto das vacas com as boas práticas da rotina de ordenha é essencial para garantir que a glândula pituitária secrete ocitocina, que atua nos músculos alveolares no úbere que libera o leite nos ductos, isso resulta em um aumento de pressão que produz o efeito de descida do leite.

Ao longo deste texto vamos abordar como ocorre o reflexo de descida do leite após a estimulação da vaca, como avaliar o fluxo de leite na ordenha através de suas 4 fases de intensidade, a forma de verificar se as vacas estão bem estimuladas e também as possíveis relações entre o fluxo de leite e a CCS

Fisiologia da descida do leite

A liberação de ocitocina ocorre de duas formas de acordo com o reflexo de descida do leite:

  • Condicionado = reflexo gerado a partir dos estímulos captados pelos olhos, orelhas e nariz, como o barulho da bomba de vácuo o cheiro do concentrado em ordenhas em que há fornecimento.
  • Incondicionado = são reflexos são resultantes da estimulação da vaca, como o teste da caneca, aplicação de pré-dipping e secagem dos tetos.

No geral, o nível de reflexos condicionais é constante, por isso, o objetivo deve ser manter uma boa rotina de ordenha, visando maximizar os estímulos incondicionais, sendo a forma de garantir que as vacas vão ter uma boa descida de leite, maior produção e consequentemente trazer benefícios para a lucratividade da fazenda.

fator chave na velocidade da ordenha da vaca não é o nível de ocitocina no sangue, mas sim o timing” da liberação da ocitocina. O intervalo entre a preparação do teto até a liberação da ocitocina e transporte pelos vasos sanguíneos até o úbere é de 60 a 90 segundos, o que controla a liberação do leite alveolar.

Aproximadamente nos primeiros 30 segundos de ordenha o leite é liberado dos alvéolos para que o fluxo de leite aumente continuamente entre os 60 – 90 segundos de acoplamento das teteiras. Caso as vacas não estejam bem estimuladas, pode haver uma pausa entre o fim do leite prontamente disponível na cisterna e o início da liberação do leite presente nos alvéolos.

Entendendo o fluxo de leite

O fluxo de leite pode ser avaliado por exemplo, por meio do equipamento de ordenha, onde alguns modelos produzem o gráfico de fluxo de leite.

Se as unidades são devidamente colocadas com vacas bem estimuladas temos um rápido e contínuo aumento do fluxo de leite que alcança um máximo. Então a liberação do leite alveolar sobrepõe o leite da cisterna resultando na clássica curva de fluxo de leite.

O padrão do fluxo de leite tem 4 fases de intensidade:

  1. Aumento;
  2. Platô;
  3. Declínio;
  4. Cego (sobreordenha).

É importante entendermos que a duração da fase de aumento está diretamente relacionada ao tempo entre a preparação do úbere e a ordenha. Quando temos uma preparação ineficiente da vaca antes da ordenha, o resultado será um fluxo de leite durante a fase de aumento que chamamos de tipo bimodal.

O tipo bimodal do fluxo de leite ocorre quando temos interrupção ou redução temporária no fluxo de leite logo após o início da ordenha que é seguida posteriormente por outro significativo aumento, criando assim dois picos distintos de fluxo.

Gráficos mostrando fluxo de leite de vacas leiteiras

Imagem de dois gráficos onde o da esquerda demonstra um fluxo de leite adequado, com as fases de aumento, platô e declínio bem definidas, evidenciando uma boa descida do leite. Já o gráfico da direita representa um fluxo bimodal de leite, sendo possível observar a fase de aumento se iniciando com uma interrupção do fluxo logo em seguida, e posteriormente um aumento novamente. Fonte: Quality Milk Production Services, Cornell University, Ithaca, New York

Duração da fase de platô do fluxo de leite o úbere é quando todos os quartos mamários são ordenhados juntos. Por isso, a duração dessa fase depende da quantidade de leite disponível na cisterna, da intensidade de seu enchimento contínuo pelos alvéolos e da ordenhabilidade.

Quando temos um ou mais quartos esvaziados de forma gradual ou o fluxo contínuo diminui em todos os quartos de forma simultânea, temos o início da próxima fase, o declínio do fluxo de leite.

fase de declínio inicia quando a taxa de reabastecimento da cisterna pelo leite alveolar diminui, cessa ou quando a taxa de reabastecimento é menor do que a taxa de fluxo de leite através do canal do teto.

Qual a relação da estimulação e o fluxo de leite?

Nesse sentido, a adequada estimulação e preparação das vacas é um ponto fundamental para garantir a ordenha adequada das vacas. Um ponto muito importante é o período entre a estimulação inicial da vaca e a acoplagem da teteira para a ordenha propriamente dita, que é chamado de tempo de “pré-atraso” (Pre-lag time).

Esse período permite que a ocitocina liberada alcance a glândula mamária para que a ejeção de leite ocorra. Esse tempo de pré-atraso é essencial para garantir um fluxo de leite contínuo e reduzir assim o risco de fluxo bimodal.

Quando respeitamos esse tempo, teremos como resultado um processo de ordenha mais eficiente, com redução no tempo total de ordenha, maior promoção de saúde da glândula mamária, menos estresse e menor risco de lesões e infecções. 

Gráficos de tempo de pré-atraso

Gráfico A – Pré-atraso de 82 segundos. Gráfico B – Sem pré-atraso. Gráfico C – Pré-atraso de 5,3 minutos. Fonte: Ruegg, 2004.

O nível de necessidade de estímulo das vacas também depende do nível de produção, estágio de lactação e da raça dos animais.

Estudos demonstram que o tempo de pré-atraso entre 45 – 90 segundos é recomendado, entretanto não houve efeitos negativos, como redução da descida do leite, quando o tempo foi de no máximo 3 minutos. Mas quando o tempo é inferior ao recomendado, a descida inadequada do leite produz um fluxo de leite bimodal, como no gráfico B acima.

Por isso é importante estarmos atentos à rotina de ordenha, pois o fluxo bimodal pode ocorrer quando temos a acoplagem da unidade de ordenha sem a estimulação adequada ou imediatamente após a estimulação, sem espera do período pré-atraso.

Como avaliar se o fluxo de leite está adequado?

Durante a rotina de ordenha podemos avaliar a estimulação das vacas pelo fluxo de leite nos primeiros 2 minutos de ordenha.

Espera-se que nesses primeiros 2 minutos seja ordenhado 2 – 4 kg/min, ou seja, que seja liberado 50% do volume do leite nesse período. Junto a isso, devemos avaliar os manejos feitos durante a ordenha para garantir que as vacas estejam bem estimuladas antes da colocação das teteiras.

Por isso, conhecer as boas práticas de manejo na ordenha, os pontos de avaliação da rotina de ordenha e como garantir vacas bem estimuladas garantirá uma boa ejeção do leite e bom fluxo de leite das vacas.  

Relação do fluxo de leite com a contagem de células somáticas (CCS)

Já foi demonstrado que a fase de declínio do fluxo de leite está correlacionada de forma positiva com a CCS, o que provavelmente ocorre devido a ordenha excessiva. Quando se tem uma ordenha excessiva, é criado um maior risco de má saúde no úbere.

Estudos realizados observaram que quartos mamários com uma fase de declínio mais longas tiveram CCS maior e que os quartos com um pico de fluxo alto tiveram uma fase de declínio mais longa. Esse ponto é de complicada explicação pois não se sabe se a CCS alta é consequência ou razão para a maior duração da fase de declínio.

Além disso, a longa duração do declínio provocou menor produção de leite e maior duração de sobreordenha, onde já foi relatado que a sobreordenha por mais de 1 minuto predispõe a vaca à mastite subclínica.

Quando foi avaliado o pico de fluxo no úbere em relação a CCS, foi confirmado que quartos com alto CCS tem um pico de fluxo reduzido e consequentemente uma produção de leite reduzida.

Sabe-se que a maioria das infecções induzidas pela máquina ocorrem perto do final da ordenha, o que pode ser justificado pelo fato de que a redução do fluxo de leite ao final da ordenha diminui a chance de microrganismos serem eliminados do teto, mas aumenta a probabilidade de uma infecção no quarto.

Por isso pode ser interessante minimizar a duração da fase de declínio, pois essa tem possível relação negativa com a saúde do úbere.

Considerações finais

Sabemos então que um dos passos mais importantes é ter uma vaca bem preparada para a ordenha e que há segredos para que ocorra.

Implementar práticas de ordenha consistentes e padronizadas são pontos essenciais para termos um fluxo de leite adequado e um leite de qualidade.

É fundamental que ocorra dentro da fazenda a valorização das práticas de ordenha e também a motivação dos colaboradores envolvidos na operação para o sucesso do processo através de treinamentos contínuos.

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Laryssa Mendonça
Maria Fernanda Faria - Equipe Leite Rehagro
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