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15 de janeiro de 2025 - 5:19h

A Folha Agrícola

Ocitocina em vacas leiteiras: como o seu uso impacta na fazenda?

O uso de ocitocina durante a ordenha de vacas leiteiras ainda é uma prática rotineira em algumas fazendas. Apesar de promover a ejeção de leite na ordenha, a realização desse manejo está relacionada ao maior risco de infecções e doenças pela transmissão iatrogênica, além de aumentar a susceptibilidade dos animais à redução da produção própria do hormônio.

Ao longo desse texto vamos abordar a fisiologia da ejeção de leite nas vacas leiteiras, a ação da ocitocina nesse processo, os impactos da adoção da aplicação exógena de ocitocina de forma indiscriminada e os impactos na produção de leite e saúde das vacas.

Fisiologia da ocitocina em vacas leiteiras

A ejeção do leite alveolar, que representa 80% do leite total armazenado na glândula mamária da vaca, é dependente da contração das células mioepiteliais que circundam os alvéolos e os ductos alveolares. Essas células são responsivas à ocitocina, e quando expostas ao hormônio realizam a contração.

A síntese e liberação da ocitocina pela hipófise posterior é estimulada pelo reflexo neuroendócrino que envolve a estimulação tátil do úbere pela amamentação do bezerro ou pela estimulação manual durante a rotina de ordenha: teste da caneca, desinfecção e secagem dos tetos.

Além do estímulo tátil, outros estímulos sensoriais desencadeiam a liberação da ocitocina como, o auditivo, visual e olfativo durante o manejo na sala de ordenha.

Via somatossensorial no reflexo induzido pela amamentação

Via somatossensorial no reflexo induzido pela amamentação para a liberação de ocitocina. Fonte: KLEIN, Bradley G. Cunningham tratado de fisiologia veterinária. 5º Edição. Elsevier.

A liberação da ocitocina ocorre da seguinte forma:

  1. A vaca é exposta aos estímulos como a mão do ordenhador, som do equipamento de ordenha.
  2. O estímulo é recebido pelo ramo dorsal da medula espinhal e alcança o hipotálamo da vaca.
  3. O eixo hipotalâmico-hipofisário aumenta a taxa de liberação de ocitocina, devido ao aumento de sua secreção.
  4. Na hipófise ocorre liberação de ocitocina.
  5. A ocitocina alcança o nível sanguíneo, aumentando suas concentrações, alcançando a glândula mamária e estimulando a descida do leite.
Gráficos mostrando ocitocina na corrente sanguínea de vacas antes, durante e após a ordenha

Fonte: KLEIN, Bradley G. Cunningham tratado de fisiologia veterinária. 5º Edição. Elsevier.

Os gráficos acima comparam a concentração de ocitocina sanguínea das vacas antes, durante e após a ordenha.

Podemos observar que durante a preparação dos animais para a ordenha e durante a ordenha em si, os animais alcançam o pico de liberação de ocitocina, que após 7-9 minutos decrescem de forma significativa, ressaltando que o tempo de ação da ocitocina é relativamente curto na descida de leite das vacas, sendo importante que o manejo da rotina de ordenha esteja bem alinhado na fazenda para garantir que as vacas tenham uma ordenha adequada.

Uso da ocitocina exógena em vacas leiteiras

O uso de ocitocina exógena em fazendas leiteiras é frequentemente administrado em vacas antes da ordenha para “resolver” distúrbios na ejeção de leite causada pela falta ou redução da liberação de ocitocina.

No entanto, foi observado que embora fosse esperado que a cada ordenha houvesse um aumento da secreção de leite em vacas em que foi utilizado a ocitocina, não houve incremento significativo da produção de leite em fazendas em que há uma rotina mais intensa de ordenha.

O impacto do uso de ocitocina pode ser mais eficaz na liberação do leite no úbere e pode estimular a secreção de leite em rotinas de ordenha menos intensiva, no entanto, ainda está associada a importantes impactos na saúde das vacas de leite.

Quais são os riscos do uso indiscriminado de ocitocina exógena nas vacas?

O uso de injeção de ocitocina exógena nas vacas está associado à redução da ejeção espontânea do leite após a retirada da aplicação da ocitocina.

Estudos demonstram que a aplicação de ocitocina exógena nas vacas causou um aumento dos níveis de ocitocina no sangue (por pelo menos 2 horas) e prolongaram a contração mioepitelial e alveolar, o tratamento crônico com ocitocina reduz a sensibilidade da glândula mamária à ocitocina.

Outros estudos demonstram ainda que a administração de ocitocina pré-ordenha por longos períodos reduziu a liberação espontânea de leite em uma semana, caso fosse retirada a administração de ocitocina. Os autores levantaram duas hipóteses para a redução da liberação do leite:

  1. Redução da liberação da ocitocina da glândula pituitária
  2. Redução da sensibilidade da glândula mamária à ocitocina, devido à regulação negativa dos receptores de ocitocina.

Outro ponto importante, é que os animais expostos a aplicação da ocitocina contínua têm dificuldade para realizar a descida do leite, pois ficam habituados ao uso da droga, ou seja, as vacas se tornam “viciadas”.

Além disso, a administração repetida de ocitocina interfere na atividade secretória normal do leite no epitélio mamário, por isso, reduz a ejeção natural de leite e também afeta a saúde reprodutiva das vacas.

Alguns estudos demonstram que o uso prolongado de injeções de ocitocina pode causar problemas de fertilidade como redução do período de lactação, redução da taxa de concepção, sinais de estro discretos e alta mortalidade embrionária.

Considerações finais

Apesar do uso de ocitocina ser uma prática ainda muito utilizada em fazendas com sistemas menos intensivos, visando o aumento da produção de leite o uso indiscriminado de ocitocina está associado também a importantes malefícios à produção endógeno do hormônio nas vacas, na produção de leite em si e saúde das vacas.

Uma boa rotina de ordenha é um dos pontos essenciais para garantir que a liberação de ocitocina endógena ocorra de forma adequada e que a descida do leite promova a ejeção do leite alveolar.

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Maria Fernanda Faria - Equipe Leite Rehagro
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