Acordos paralelos poderiam estar “bloqueando” expansão contra renováveis permanentes e favorecendo a associação entre fontes intermitentes e fontes fósseis dez vezes mais caras?
Paulo Pedrosa, presidente da associação de consumidores do setor elétrico, com grande experiencia no setor, aponta neste artigo a forma como os “criadores de jaboti” tem impedido o Brasil de planejar o seu setor elétrico.
Diz ele que cada fonte de energia, hoje só consegue impor seus benefícios, fazendo lobby no congresso para emendas nas leis, os chamados “jabotis”, apenas para ampliar seu mercado e prejudicar seus concorrentes.
Pedrosa, a meu ver, acerta ao apontar a moléstia, mas ainda se preocupa mais com os sintomas do que com a doença. Que se chama “Falta Absoluta de Planejamento” ou “Gerenciamento pela Regra do Salve-se Quem Puder”. Ou ainda “A falácia da mão invisível do mercado”.
Nessa doença, como você poderá ver no artigo, – vale tudo -, menos planejar a expansão da geração com base na ciência e na técnica, ficando tudo para ser decidido pelo preço do MWh, não importa a qualidade da energia, sua carência nas horas mais críticas, sua permanência por maiores períodos. Nada enfim. Só o preço.
Nessa doença tudo deve ser caótico e o mais “livre” possível, não importam as consequências. Como por exemplo, os enormes prejuízos que nos aponta Pedrosa nos momentos quando as fontes solar e eólica, geram não só mais do que o necessário mas necessitam sistemas mais robustos para levar aquela energia sem contrato não se sabe aonde.
Sugiro que você leia para conhecer algo com o que, as manchetes quase irresponsáveis e pagas “por fora” tem feito para esconder a realidade dos que não conhecem e pretendem investir no setor.
Repito: o Brasil precisa voltar a planejar seu setor elétrico. Já fomos reconhecidos mundialmente por isso até os anos 80. Se planejamos estradas, portos, ferrovias, hidrovias, por que diachos, não se pode planejar a expansão da geração com parcelas adequadas de cada fonte, conforme suas características? Por que a bagunça completa e irracional deve ser a regra num setor onde tudo pode ser medido, projetado e planejado antes como o setor elétrico?
O “laisser faire” não pode ser aplicado numa área onde existe monopólio natural da distribuição do produto.
Um setor onde, se quiserem, os donos das distribuidoras e os donos das geradoras de fontes mais caras como as termoelétricas podem, perfeitamente, fazer parcerias ganha-ganha.
Afinal, não são elas, as distribuidoras que pagam a energia que compram, de qualquer tipo que quiserem, mas sim, os consumidores.
E pagam diretamente na fatura, como você, caro consumidor, pode comprovar nesse minuto olhando sua conta de luz.
Você paga, mas é a distribuidora que escolhe o tipo: movida a carvão, a água, a gás ou a petróleo, conforme a “preferência” dela.
Isso é o Brasil.
E o Brasil, definitivamente, não é para amadores.
Matéria o setor elétrico e o Coliseu dos Jabutis
No mundo da política costuma-se dizer que quando se encontra um jabuti em cima de uma árvore, ele chegou lá por enchente ou por mão de gente. Este seria o caso de diversos dispositivos nas leis de energia difíceis de serem explicados, que atendem a interesses específicos, por mais legítimos que sejam, e em troca ampliam e espalham custos para todos os consumidores.
Os jabutis são uma marca registrada do setor elétrico e explicam talvez mais da metade do custo da conta de luz, que tira dinheiro das famílias brasileiras com as faturas mais caras e impacta também no preço de todos os produtos feitos aqui. São tantos os jabutis, que hoje eles competem entre si e se destroem, como em um gigantesco Coliseu, em que no final a própria plateia, os consumidores, serão jogados na arena e devorados. Para ler mais clique aqui