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14 de março de 2025 - 12:53h

A Folha Agrícola

A noite e nos dias nublados Data Centers do Nordeste vão funcionar a Diesel?

por Ivo Pugnaloni

O nordeste do Brasil possui grandes rios e grandes hidrelétricas. Por que lá se teima em não seguir a razão, mas a “moda”? Só no rio Parnaíba, no Piauí, são 8 usinas hidrelétricas já licenciadas ambientalmente, com eclusas para a hidrovia e projetadas pela CHESF, agora ELETROBRÁS; Prontas para ser construídas mas esquecidas nas gavetas. Sem contar como seus reservatórios poderiam estimular a piscicultura, a irrigação e a própria Hidrovia do Parnaíba.

O governo Lula precisa deixar de teimar em não estimular o crescimento do número de hidrelétricas, de todos os tamanhos.  Principalmente no Nordeste, onde acumular água doce deveria ser uma obrigação legal dos governadores! Senão nosso presidente vai acabar entrando para a história como o presidente que construiu mais usinas termoelétricas no mundo. Foram mais de 30 Gigawatts em seus governos diretos e indiretos. Nem FHC fez tanto para sujar a matriz energética limpa que os violentos e antidemocráticos regimes militares nos deixaram de herança. Faça a conta, presidente: entre 1995 e 2023 foram 28 anos. Nesse período a capacidade das usinas termoelétricas no Brasil subiu 664%! 

Enquanto isso os governos Lula e Dilma fizeram cair a participação das hidrelétricas de 85% para 62% na geração do país. Lula nesses 28 anos foi presidente de facto ou de direito durante 18 anos. E nesse tempo Sua Excelência praticamente só deu atenção a usinas solares e eólicas, usinas que a literatura mundial, a Agência Internacional de Energia, a legislação aponta e classifica como USINAS do tipo INTEMITENTE. (ou seja, usinas que o ser humano não consegue controlar).

Esse artigo de Álvaro Machado Dias, especialista em TI, não mostra que o Rei está nu, mas serve para mostrar que a Inteligência Artificial não pode ser sustentada por usinas solares e eólicas, que hoje produzem, amanhã não, como sonham os govenadores da região que parecem ter esquecido do papel de Paulo Afonso, Sobradinho, Apolônio Salles, Xingó, Moxotó e tantas outras!

O presidente não tem porque não se orgulhar das hidrelétricas do Brasil e do Nordeste que até hoje são quem mantem esse país funcionando. Nem porque, aparentemente, ter tanto amor às termoelétricas fósseis que, na falta de hidrelétricas, são as únicas que podem compensar à noite, de madrugada, nos dias chuvosos e nublados, à forte instabilidade das solares e eólicas.

Por que digo isso? Ora porque depois das 16 horas e antes das 9 horas as fontes intermitentes fazem com que o Brasil precise usar, cada vez mais e por mais tempo, as TERMOELÉTRICAS FÓSSEISporque apenas elas e as HIDRELÉTRICAS, são consideradas fontes PERMANENTES por toda a literatura e a legislação de todos os países do mundo. E só elas podem suprir a energia que as USINAS INTERMITENTES deixam de produzir!

Este artigo do colunista da Folha de São Paulo Álvaro Machado Dias diz:

Avanço da inteligência artificial esconde o segredo mais sujo da tecnologia.

Vou contar um segredo que todo CEO de big tech conhece, mas que nenhum ousa mencionar: o avanço da IA deve levar a uma forte subida das emissões, a despeito do compromisso do setor de zerá-las até 2030. Não adianta protestar; nessa década, pouca coisa pode alterar a trajetória infausta por uma razão simples: as matrizes renováveis mais escaláveis, solar e eólica, não são ideais para os servidores, do ponto de vista dos tecnologistas, que assim pularam para a maria-fumaça trumpista.

Servidores utilizam corrente alternada (AC), enquanto usinas eólicas e solares produzem corrente direta (DC). A conversão é simples e as perdas moderadas, mas a corrente gerada traz instabilidades persistentes, que os fornecedores alegam afetar os aparelhos, sendo que cada placa de vídeo de IA chega a custar R$ 160 mil nos EUA.

Os servidores operam em um regime de duplo consumo energético, com serviços flexíveis, oriundos de demandas imediatas de processamento; e serviços inflexíveis, de rotina. Aqueles variam muito, exigindo tetos energéticos bem maiores do que a média de uso. A energia solar/eólica é intermitente, devendo ser armazenada em baterias caras e descartáveis. A necessidade do datacenter se manter operacional durante os horários de picos requer ampla disponibilidade desses equipamentos, ou uma estrutura híbrida, que traz uma nova camada de complexidade, ainda que seja bem mais comum do que apenas sol/vento.

Do mais, usinas de renováveis requerem áreas grandes e permissões ambientais, localizando-se fora das cidades. Datacenters seguem o raciocínio contrário, por necessitarem de redes de transmissão consistentes e mão de obra especializada. A combinação multiplica salários, investimentos em infraestrutura e de manutenção. A conclusão dos tecnologistas é que priorizar essas matrizes eleva demais o custo do projeto, a despeito do kWh mais barato. A questão é só de grana, mas ela decide o jogo em detrimento do bem comum.

O governo brasileiro prepara um decreto para subsidiar usinas eólicas e solares no Nordeste, com o intuito de atrair datacenters de IA, conforme a Folha reportou. Seiscentos milhões de uma conta bilionária já foram empenhados para gerar 200 MW, o que representa 1/750 da capacidade instalada no país, referência mundial em renováveis com as hidrelétricas.

A região é ideal para a energia solar, só que no caso dos datacenters, uma das principais funções da energia é resfriar os servidores. Isso explica a predileção por regiões frias, que seria absoluta não fossem as dificuldades de instalação e gargalos de mão de obra em algumas delas. Esses fatores, aliados a um dos maiores impostos de importação do mundo, devem demover tecnologistas de se instalarem no Ceará e Piauí, que lideram o pleito, exceto sob condições ruins a ponto de não valerem a pena para nós. O caminho é reconhecer que as empresas de IA tendem a construir suas plantas de processamento priorizando outras matrizes, inclusive gás natural, em paragens mais vantajosas. E pressionar para que compensem o prejuízo ambiental gerado. Já em termos locais, o melhor que podemos fazer é evitar que bilhões sejam injetados para enriquecer empresários oportunistas e gerar palanques eleitorais. O Brasil conta com opções de desenvolvimento tecnológico bem melhores do que essa.

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