O pesquisador Dirceu Mattos Jr. lista os temas de destaque debatidos no encontro e que devem repercutir nas lavouras ao longo de 2025
Ao longo da primeira semana de abril, a cidade de Barcelona, na Espanha, foi sede da Cultivating Tomorrow Conference (Conferência Cultivando o Amanhã, em tradução literal), evento promovido pela International Fertilizer Association – IFA (Associação Internacional de Fertilizantes, em tradução literal) com o objetivo de congregar lideranças do agronegócio, pesquisadores e representantes da indústria para debater sobre sustentabilidade, inovação e Inteligência Artificial no segmento de fertilizantes, mercado que movimenta aproximadamente US$ 200 bilhões em escala global, segundo o levantamento realizado pela Samsung CNT.
Na ocasião, o Brasil teve como um de seus representantes o pesquisador Dirceu Mattos Jr., CEO do Centro Avançado de Pesquisa Smart B100 (CCD-SB100), que destaca como uma das mensagens centrais do encontro: a necessidade de conectar bases de dados globais com o conhecimento local de solos, utilizando plataformas baseadas em nuvem, comunicação eficiente e processos de co-criação entre ciência e prática. “A agricultura do futuro será construída com colaboração, ciência aplicada e tecnologia que sai do laboratório direto para o campo”, afirma.
Mattos destaca também que entre os principais tópicos discutidos estiveram a adoção de ferramentas para descarbonização, a consolidação de hubs de inovação, e a integração entre ciência, tecnologia e as realidades do agricultor. “Embora as chamadas Boas Práticas Agrícolas (BMPs) sigam os mesmos princípios conceituais, o desafio atual está em aproveitar dados do agronegócio de forma mais eficaz, promovendo soluções embasadas na ciência e desenvolvidas em conjunto com os produtores”, enfatiza.
Segundo o CEO do CCD-SB100, a conferência também discutiu o impacto crescente de tecnologias como aprendizado de máquina (machine learning), Internet das Coisas (IoT), imagens de satélite, monitoramento em tempo real, soluções biológicas e agricultura regenerativa, destacando que a inteligência artificial já desponta como ferramenta essencial para produtores, empresas e tomadores de decisão no contexto internacional.
A presença do pesquisador no evento global vai ao encontro das propostas do projeto Smart B100 (CCD-SB100), um Centro de Ciência para o Desenvolvimento apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, em parceria com o setor privado, tendo em vista que a iniciativa busca unir a ciência à experimentação agrícola prática, com foco em promover gestão da qualidade do solo e eficiência no uso de fertilizantes, utilizando recursos de IA generativa de última geração. “Nosso objetivo é entregar soluções sustentáveis e aplicáveis, que façam diferença da porteira para dentro, mas que impactem toda a cadeia”, conclui Dirceu Mattos Jr.