fbpx
loader image

28 de maio de 2025 - 21:01h

A Folha Agrícola

Um conselho de inovação para um agro mais sustentável

Por Evaldo F. Vilela

Ex-reitor da Universidade Federal de Viçosa e atualmente Diretor de Ciência, Tecnologia & Inovação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Para enfrentar um dos seus maiores desafios, a agricultura brasileira precisa ampliar a sua sustentabilidade e investir em três elementos fundamentais para o seu desenvolvimento: pesquisa, inovação e a criação de mecanismos para viabilizar a aplicação de novas tecnologias nas lavouras de todo o país.

Facilitar e incentivar a interação universidade-empresa é um caminho seguro para o que precisamos de mais urgente no momento: aliar tecnologias e inovações à segurança alimentar e a produção sustentável de alimentos, que geram impacto positivo no desenvolvimento econômico do país, na qualidade de vida das pessoas e, sobretudo, respeitam o meio ambiente.

Após identificar gargalos de iniciativas no país, criamos o Conselho de Inovação para o Agro By Koppert, uma iniciativa que integra o que existe de melhor na universidade e na iniciativa privada, e surge para fortalecer nossos passos em direção a uma agricultura mais sustentável, moderna e disruptiva, com o objetivo de escalar ainda mais a adoção de produtos biológicos para o manejo de cultivos na agricultura brasileira, além de prospectar o futuro do setor com inteligência, sustentabilidade e eficiência.

Não nos faltam casos de sucesso para que essa colaboração, que reúne pesquisadores extremamente capazes, empresas que têm na inovação tecnológica a existência de seus negócios e instituições de financiamento à pesquisa, ter uma história próspera. Essa convicção torna-se factível a partir da experiência acumulada em várias instituições, como CNPq, com o Edital MAI/DAI, e as Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa e outras que seguem a Lei do Marco Legal da Ciência e Tecnologia, que desobstrui gargalos jurídicos e muitos outros. Também é o caso da parceria entre ESALQ/USP, Koppert Brasil e FAPESP com a criação de um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), o Sparcbio (São Paulo Advanced Research Center for Biological Control), que desenvolve inovações na área de controle biológico sob a perspectiva de uma agricultura tropical cada vez mais sustentável.

Certamente, foi com muito esforço e determinação que as dificuldades burocráticas e jurídicas foram vencidas para colocarmos o Brasil à frente, mundialmente, da tarefa de diminuir ou substituir agrotóxicos por soluções biológicas em nossas plantações. Mas, inovações como essas somente acontecem quando se tem uma ciência com a qualidade da qual temos no país – apesar de ainda muitas vezes ela ser invisível aos olhos da sociedade. Pesquisadores dedicados enfrentam falta de apoio para gerar novos conhecimentos e depois para fazer com que suas descobertas cheguem às pessoas e ao mercado.

No exemplo do controle biológico de pragas agrícolas, é fenomenal a contribuição do cientista da ESALQ/USP, Prof. José Roberto P. Parra, que, após 50 anos de pesquisa sobre insetos-praga e seus inimigos naturais, ajudou a criar uma startup que tornou-se a maior empresa do mundo em controle biológico de pragas em grandes plantações: a Koppert Brasil, uma companhia que utiliza controle biológico, pesquisa, inovação, inteligência artificial e drones de alta precisão para a aplicação de soluções para a proteção de plantas em campo.

Para sermos o país mais inovador do mundo na produção sustentável de alimentos, com nossa resiliência e nossa criatividade, faltam políticas públicas mais arrojadas, que coloquem a ciência e o desenvolvimento de novas tecnologias como uma prioridade. E essa é a força motriz do Conselho de Inovação para o Agro By Koppert.