Nesta sexta-feira, 16 de maio de 2025, o Ministério da Agricultura e Pecuária confirmou o primeiro caso de gripe aviária de alta patogenicidade (H5N1) em uma granja comercial no Brasil, localizada no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul.
A Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) alerta que surtos como esse evidenciam os riscos significativos associados à produção intensiva de animais para consumo humano. A aglomeração de aves em ambientes confinados, comum na pecuária industrial, cria condições ideais para a propagação e mutação de vírus, com potencial de transmissão para humanos.
Historicamente, diversas pandemias tiveram origem em zoonoses associadas à criação de animais para alimentação. A gripe espanhola de 1918, que matou cerca de 50 milhões de pessoas, surgiu de uma cepa de vírus da gripe com origem aviária. Pandemias subsequentes, como a gripe asiática (1957), a gripe de Hong Kong (1968) e a própria H1N1 (2009), também estão ligadas a vírus originados na interação entre humanos e animais de produção.
Segundo dados da ONU, mais de 70% das doenças infecciosas emergentes recentes têm origem animal, muitas ligadas à pecuária. Além disso, o uso excessivo de antibióticos na indústria da carne contribui para a resistência antimicrobiana, outro risco à saúde global. A situação se mostra ainda mais preocupante quando consideramos que 75% da produção mundial de antibióticos é destinada ao setor pecuário. As consequências são alarmantes: aproximadamente 1,27 milhão de pessoas morrem anualmente devido a infecções resistentes a antibióticos, e as projeções indicam que esse número pode alcançar 10 milhões até 2050.
Em Nota Oficial sobre o foco de gripe aviária no RS, o Ministério da Agricultura e Pecuário comentou: “As medidas de contenção e erradicação do foco previstas no plano nacional de contingência já foram iniciadas e visam não somente debelar a doença, mas também manter a capacidade produtiva do setor, garantindo o abastecimento e, assim, a segurança alimentar da população.” No entanto, uma abordagem que verdadeiramente priorizasse a segurança alimentar e a saúde da população a longo prazo passaria, necessariamente, pela promoção de uma alimentação vegana.
Julia Lopes, consultora ambiental da SVB, afirma: “Uma alimentação baseada em vegetais reduz significativamente os impactos ambientais e o sofrimento animal, além de ser uma estratégia eficaz na prevenção de pandemias e epidemias. Ao optarmos por uma dieta vegetal, diminuímos a demanda por sistemas de produção animal que são propensos a surtos de doenças como a gripe aviária. Essa mudança não apenas minimiza os riscos de futuras zoonoses, inerentes à exploração intensiva de animais, mas também traz benefícios comprovados para a saúde individual e para a sustentabilidade do planeta.”
Para mais informações sobre os impactos da produção animal e os benefícios de uma alimentação baseada em vegetais, acesse: svb.org.br/bombarelogio
Imagem: WeAnimals