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1 de setembro de 2025 - 13:43h

A Folha Agrícola

Avanços na pesquisa científica e colaborações estratégicas impulsionam o bem-estar animal no Brasil

Evolução da temática e possibilidades foram debatidos durante webinar realizado pela COBEA

O Brasil tem evoluído no âmbito de bem-estar animal e conquistado avanços significativos no setor produtivo da cadeia. A afirmação é do supervisor de Bem-Estar Animal LATAM da Minerva Foods, Vinicius Fonseca, feita durante o webinar “Bem-estar animal no Brasil: Oportunidades e desafios atuais”, promovido pela Colaboração Brasileira de Bem-Estar Animal (COBEA) no dia 25 de agosto. 

O evento contou com participantes da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), da startup certificadora Produtor do Bem – idealizadora da COBEA –, da Minerva Foods, da Nestlé Brasil e da JBS Brasil. Fonseca fez parte do painel “Os cinco domínios na prática e na realidade brasileira”, ao lado da gerente técnica e de pesquisa da Produtor do Bem, Paola Rueda. 

Os dois palestrantes apresentaram uma visão geral histórica sobre a evolução da temática do bem-estar animal. O supervisor da Minerva Foods falou sobre a importância da aplicação prática de descobertas científicas e como o Brasil se tornou propulsor de boas práticas de BEA na América Latina e no mundo. Fonseca pontuou a recente expansão no país das pesquisas sobre o assunto, refletindo desafios encontrados nos sistemas de produção, e que o Brasil tem um vasto potencial para se tornar um líder global em boas práticas de bem-estar animal. “Defendemos a expansão das pesquisas em bem-estar animal, a necessidade de parcerias público-privadas e colaborações pré-competitivas, e a ampliação da certificação de origem, que garante como os animais são mantidos e criados”, destacou. 

Paola apontou como modelos similares aos cinco domínios ajudam a estimar e avaliar o status de bem-estar animal na prática e a identificar oportunidades para melhorias. Ela explicou que essa análise é baseada em indicadores sobre o ambiente, o animal e o sistema produtivo, e que um animal que tem bem-estar é aquele que acumula mais oportunidades positivas ao longo da vida – estados mentais positivos – do que negativos.  

Posicionamento

A diretora-executiva da COBEA, Elisa Tjarnstrom apresentou o documento de posicionamento da entidade chamado “Abordagem da COBEA ao Bem-Estar Animal”, um primeiro passo que mostra sua visão sobre a temática e estratégias para criar impacto no setor, identificar áreas prioritárias, lacunas e apontar novos caminhos para progresso. “Reconhecemos que qualquer melhoria de bem-estar animal deve ser baseada na ciência atual, em modelos amplamente aceitos, mas também em ambições corporativas e expectativas das partes interessadas. Queremos construir um movimento inclusivo, no qual cada um tenha uma parte da solução”, afirmou. 

O coordenador científico de BEA da OMSA, Leopoldo Stuardo, apresentou o tema “A visão da OMSA sobre bem-estar animal e implicações práticas”. Ele falou sobre a complexidade do tema, que inclui importantes dimensões científicas, éticas, culturais, religiosas, econômicas e políticas. Também destacou o movimento mundial em prol do bem-estar animal, uma temática que deve ser abordado globalmente, mas com estratégias que fazem sentido localmente. “É essencial ter uma base científica, mas para sua adoção é preciso levar em conta outros fatores.”  

Stuardo ressaltou a necessidade de construir uma estrutura regulatória funcional, o que requer conjuntos essenciais de recursos para orientar, permitir a operacionalização e proporcionar uma supervisão sólida. O trabalho normativo da OMSA e a estrutura operacional existem como apoio nesse processo, porém ainda há mais a fazer para definir como as nações podem se aproximar dessas normas globalmente aceitas por mais de 180 países.  

Trabalho estratégico no setor 

A gerente-executiva de Agricultura Sustentável da Nestlé Brasil, Bárbara Sollero, e a diretora de Sustentabilidade da JBS Brasil/Seara, Sheila Guebara, encerraram a programação dando exemplos do trabalho estratégico de desenvolvimento e implementação de bem-estar animal das duas empresas.  

Bárbara falou sobre o compromisso global com BEA da Nestlé, que enxerga a temática como um pilar chave da pecuária regenerativa e na busca da produção de baixo carbono. A empresa tem desenvolvido um trabalho estratégico de implementação de boas práticas com seus fornecedores. O processo foca em treinamento de pessoas, investimento em infraestrutura nas fazendas, tecnologias de monitoramento animal e incentivos de adoção de boas práticas, como o uso de sêmen sexado, amochamento com uso de anestésico e analgésico e redução de estresse térmico. “Se tivermos vacas felizes, certamente teremos leite de melhor qualidade, produtores mais satisfeitos e animais podendo expressar todo o investimento genético de longa data”, apontou. Alguns dos desafios que ela destacou foram padronização e mensuração, regulamentação e coordenação setorial, em que uma iniciativa como a COBEA é tão importante.  

Sheila explicou a estratégia estabelecida globalmente em 2023 pela JBS, na qual o bem-estar é um dos pilares estratégicos globais da empresa, que tem avançado no tema e na transparência ano após ano, inclusive com publicações específicas de BEA para o Brasil. Na COBEA, a JBS vê a oportunidade de trocar experiências e identificar áreas onde é necessária ação em conjunto, construir parcerias para promover avanços na indústria brasileira de proteína animal e tratar de forma coletiva as barreiras à melhoria do bem-estar animal na cadeia produtiva. “Acreditamos na mudança e em que em conjunto é possível trazer tecnologia e avançar nas boas práticas de modo sustentável. Não conseguimos fazer mudanças drásticas do dia para a noite, mas ao longo do tempo, com essas melhorias, todo mundo ganha: saúde, pessoas, animais e o planeta”, finalizou. 

Sobre a COBEA 

A COBEA é uma iniciativa de cooperação pré-competitiva inédita no sul global, criada com o propósito de promover o bem-estar animal. Idealizada pela startup certificadora Produtor do Bem, a iniciativa já conta com a adesão de oito importantes atores da cadeia de proteína animal brasileira: Grupo IMC (International Meal Company), Special Dog Company, Minerva Foods, JBS Brasil, Planalto Ovos, Mantiqueira Brasil, Danone Brasil e Nestlé Brasil.