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14 de outubro de 2025 - 14:45h

A Folha Agrícola

Empresas do segmento B2B intensificam cobrança de inadimplentes e se preparam para 2026

O último trimestre de 2025 vem sendo marcado por um movimento intenso de recuperação de crédito entre empresas brasileiras. Após um ano de juros altos e crescimento econômico modesto, credores B2B aceleram negociações e cobranças para reforçar o caixa antes do fechamento do exercício.  

Segundo o Índice Global de Recuperação de Crédito B2B (IGR), publicado em agosto passado, mais de 82% das dívidas com até 10 dias de atraso conseguem ser recuperadas, mas o percentual cai para pouco mais de 50% quando o atraso ultrapassa 20 dias — um sinal de que tempo é o fator decisivo para preservar liquidez corporativa. “O quarto trimestre concentra os maiores esforços de cobrança e renegociação, porque é quando as empresas tentam corrigir perdas e preparar o balanço para o ano seguinte”, afirma Silvano Boing, CEO da Global, uma das maiores recuperadoras de crédito B2B em atuação no Brasil.  

Esse quadro reflete o que economistas já chamam de “ciclo de retenção de liquidez”: em um ambiente de incerteza, as empresas priorizam preservar caixa, adiam pagamentos e retardam investimentos. Do outro lado, os credores ampliam as ações de cobrança para fechar o ano com menos perdas contábeis. “Esse é o período em que as empresas fazem o acerto de contas, revisam provisões e buscam recompor liquidez antes de entrar em 2026”, diz o executivo.

Um ano de crédito caro e caixa pressionado

A economia brasileira atravessou 2025 sob juros persistentemente elevados: a taxa Selic permaneceu acima de 14% ao ano, de acordo com o Banco Central. Embora a inflação de 12 meses tenha recuado para 4,8%, dentro da meta, o custo do capital seguiu limitando investimentos e alongamento de dívidas.  

O PIB deve crescer cerca de 2,1% em 2025, segundo o Boletim Focus, ritmo suficiente para evitar recessão, mas insuficiente para reduzir de forma relevante o endividamento empresarial. A Serasa Experian apontou que o país superou 8 milhões de empresas negativadas em julho, um recorde histórico e alta de 16% sobre 2024.

Esse ambiente de crédito caro e consumo moderado levou companhias a priorizar liquidez e reduzir riscos. “Com a dificuldade de captar, muitas empresas estão financiando suas operações por meio da recuperação de valores vencidos”, afirma Boing. O comportamento se intensifica no fim do ano, quando setores como comércio, indústria e serviços buscam fechar o balanço com menos inadimplência e mais previsibilidade de caixa.

O efeito dos juros altos na inadimplência

O aumento do custo financeiro impactou toda a cadeia de pagamentos. O crédito empresarial, segundo o Banco Central, encolheu 4,2% em termos reais até setembro — o maior recuo desde 2017. Com o financiamento mais caro e seletivo, empresas de médio porte recorreram a prazos maiores com fornecedores, pressionando o fluxo de caixa e aumentando o volume de atrasos. “A inadimplência cresceu não por descuido, mas por necessidade: muitos negócios tiveram de escolher entre pagar insumos ou honrar empréstimos”, explica Boing.

A deterioração se concentrou em ramos que dependem fortemente do crédito, como construção civil e indústria de transformação. Já o setor de serviços mostrou resiliência graças à recomposição de demanda pós-pandemia. Mesmo assim, o quadro geral é de alerta: dívidas empresariais somavam R$ 190 bilhões no meio do ano, segundo a Serasa Experian. A perspectiva é de estabilidade no último trimestre, à medida que renegociações ganham fôlego e o pagamento do décimo terceiro aumenta a circulação de recursos.

Recuperar rápido para planejar melhor

Ainda segundo o estudo da Global, a probabilidade de êxito na recuperação de crédito é diretamente proporcional à velocidade de ação. Débitos regularizados nas duas primeiras semanas após o vencimento praticamente não geram perda financeira; depois de 30 dias, a taxa de sucesso cai à metade. “A janela de maior eficiência é curta. Empresas que estruturam régua de cobrança digital e iniciam o contato logo após o vencimento têm resultado muito superior às que esperam o problema se agravar”, afirma o CEO.

A digitalização foi um dos fatores que sustentaram esse avanço. Em 2024, a Global registrou 43,1 milhões de acionamentos de cobrança multicanal — via WhatsApp, e-mail, telefone e plataformas de inteligência artificial — e a tendência se manteve em 2025.  

O WhatsApp já responde por mais da metade dos acordos de pagamento, segundo a empresa. A comunicação direta e menos burocrática facilita negociações e reduz a resistência do devedor. “A automação permite escalar o contato sem perder personalização, e isso melhora a taxa de resposta”, observa Boing.

Entre as práticas que mais avançaram em 2025 estão a segmentação de devedores e a automação de fluxos de cobrança. Empresas passaram a usar análise de dados para classificar clientes conforme o histórico de pagamento, volume de compras e tempo de relacionamento, adaptando o tom e a frequência das negociações. “Essa inteligência evita desperdício de esforço e permite priorizar valores com maior chance de retorno”, detalha o executivo.

Outra tendência é o fortalecimento das parcerias especializadas. A contratação de empresas focadas em recuperação B2B cresceu em ritmo de dois dígitos neste ano, segundo dados da Associação Nacional das Empresas de Cobrança.  

Com a expectativa de juros menores, mas ainda altos em termos reais, 2026 deve ser um ano de recomposição gradual da liquidez. A combinação de inflação sob controle e desaceleração do crédito deve favorecer empresas que atravessaram 2025 com disciplina financeira. Para elas, cada real recuperado neste final de ano significa menos dependência de bancos e mais margem para investir.

Já para quem posterga o enfrentamento da inadimplência, o novo ciclo pode começar com restrições severas. “A empresa que entra em 2026 sem resolver seus atrasos carrega um passivo silencioso que compromete a capacidade de crescer”, alerta Boing.

Sobre a Global

A Global é uma empresa líder no mercado de recuperação de crédito para o segmento B2B. Sediada em Joinville (SC), com filiais em São Paulo (SP), Florianópolis (SC), Araquari (SC) e Rio Negro (PR) e mais de mil funcionários, a empresa acumula mais de 30 anos de experiência e expertise no desenvolvimento de soluções inovadoras e personalizadas com foco em cobrança e relacionamento com clientes. Para isso, utiliza tecnologia de ponta aplicada em estratégias multicanais que abrangem as etapas de vendas, pós-vendas, preventivo, cobrança e jurídico.

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