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15 de outubro de 2025 - 13:04h

A Folha Agrícola

Agronegócio 4.0: produtividade conectada exige proteção digital

Por Eduardo Gomes, Gerente de Cibersegurança na TÜV Rheinland

Sensores, drones e plataformas em nuvem tornaram-se parte do ciclo produtivo do agronegócio, e com isso a mesa do consumidor passou a depender de redes e servidores tanto quanto de chuvas bem distribuídas. Com tanta tecnologia, é natural que o setor de agronegócios comece a enfrentar um maior volume de ataques.

Para se ter uma ideia, a agência Food & Ag ISAC (The Food and Agriculture-Information Sharing and Analysis Center, na sigla em inglês), e que realiza o monitoramento de ameaças cibernéticas à essa cadeia, registrou 44 ataques de ransomware ao setor no segundo trimestre de 2025. Obviamente, as consequências de uma disrupção na cadeia de abastecimento pode ter impactos globais, afetando desde a disponibilidade de alimentos em prateleiras até a estabilidade dos preços internacionais, além de colocar em risco a confiança dos consumidores na segurança dos produtos que chegam à mesa.

No Brasil, toda a cadeia do agronegócio, incluindo insumos, agroindústria, logística, serviços, entre outros, correspondeu, em 2024, a 23,2% do PIB brasileiro. Fortalecer a cibersegurança no campo, portanto, tornou-se tão importante quanto proteger as lavouras contra pragas ou intempéries.

Por que o setor agro é vulnerável a ciberataques

Nos últimos anos, o agronegócio nacional passou por uma acelerada transformação tecnológica. Hpje, a chamada Agricultura 4.0 envolve sensores inteligentes, máquinas autônomas, drones, softwares de gestão em nuvem e dispositivos de Internet das Coisas (IoT), que automatizaram o plantio e colheita, bem como integraram a cadeia logística ao agro.

Segundo dados da PWC, divulgados no começo de 2025, ao menos 45% das empresas brasileiras do setor de agronegócios já utilizam soluções de IoT, versus apenas 9% na média dos setores, e 36% empregam inteligência artificial em suas operações. Colheitadeiras conectadas, monitoramento climático em tempo real e plataformas digitais permitem decisões mais precisas e eficiência inédita, dando origem às chamadas “fazendas inteligentes”, nas quais cada etapa do ciclo produtivo – do plantio à distribuição – pode ser monitorada e ajustada em tempo real.

Toda essa modernização traz um efeito colateral preocupante: a expansão da superfície de ataque digital. Sem proteções robustas, ferramentas vitais como plataformas de gestão agrícola, controles de irrigação automatizados e até a logística de exportação podem ser interrompidos por ataques, causando prejuízos operacionais e financeiros imediatos.

O Food & Ag-ISAC rastreou, no segundo trimestre deste ano, ao menos 26 grupos diferentes de ransomware atacando empresas de alimentos e agricultura ao redor do mundo. Vários grupos de cibercriminosos estão associados a esses ataques, com foco em ransomware e roubo de credenciais.

Estratégias de proteção

O agronegócio precisa tratar a cibersegurança como parte integrante da sua produção. A digitalização trouxe eficiência, mas também ampliou os pontos de vulnerabilidade. Por isso, é importante separar redes corporativas das operacionais, proteger acessos remotos com autenticação multifator e manter rotinas de backup confiáveis. Essas medidas reduzem drasticamente a chance de que um ataque em um único sistema se alastre e comprometa toda a cadeia produtiva.

Outro passo essencial é preparar-se para quando — e não apenas se — um incidente ocorrer. Isso significa ter planos de resposta bem estruturados, realizar simulações periódicas e adotar padrões internacionais como ISO 27001 e o framework do NIST. Esses referenciais oferecem mapas claros para identificar riscos, aplicar controles e manter uma vigilância constante sobre vulnerabilidades que podem afetar desde pequenas propriedades até grandes processadoras.

A busca por resiliência deve ser validada por auditorias independentes e certificações de segurança. Essas avaliações externas não só identificam fragilidades antes que sejam exploradas, mas também aumentam a confiança de parceiros e consumidores. Em última instância, proteger a infraestrutura digital do agro é proteger a produtividade e a segurança alimentar em escala global — um passo indispensável para que o Brasil siga como potência agrícola em um mundo cada vez mais conectado.

Sobre a TÜV Rheinland

150 anos fazendo do mundo um lugar mais seguro: TÜV Rheinland é um dos principais provedores mundiais de serviços de teste e inspeção, com receitas anuais superiores a 2,7 bilhões de euros e aproximadamente 27.000 funcionários em mais de 50 países. Seus especialistas altamente qualificados testam sistemas e produtos técnicos, estimulam a inovação e ajudam as empresas em sua transição para maior sustentabilidade. Eles capacitam profissionais em diversos campos e certificam sistemas de gestão conforme normas internacionais. Com expertise excepcional em áreas como mobilidade, fornecimento de energia, infraestrutura e além, a TÜV Rheinland oferece garantia de qualidade independente, não menos para tecnologias emergentes como hidrogênio verde, inteligência artificial e direção autônoma. Dessa forma, a TÜV Rheinland contribui para um futuro mais seguro e melhor para todos. Desde 2006, a TÜV Rheinland é signatária do Pacto Global das Nações Unidas, que promove a sustentabilidade e combate a corrupção. A sede da empresa está localizada em Colônia, Alemanha. Website: www.tuv.com

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Cotações Agrícola

Milho

R$ 69,02

Soja

R$ 133,99

Trigo

R$ 79,61

Feijão

R$ 143,36

Boi

R$ 306,40

Suíno

R$ 7,88

Leite

R$ 2,74

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