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6 de novembro de 2025 - 11:36h

A Folha Agrícola

Brasil supera barreiras comerciais e caminha para novo recorde nas exportações de carne bovina em 2025

Mesmo diante de tarifas elevadas impostas pelos Estados Unidos, país mantém liderança global com aumento de embarques, expansão da demanda chinesa e diversificação de mercados estratégicos

O Brasil reafirma sua posição como principal exportador mundial de carne bovina ao final de 2025, mesmo diante de desafios significativos no cenário internacional. Com fundamentos sólidos de demanda, capacidade de adaptação e diversificação estratégica de mercados, o país demonstra maturidade e resiliência em um setor essencial para a economia nacional, segundo Larissa Barbosa Alvarez, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, empresa global de serviços financeiros.

Ela descreve, em análise publicada no Relatório Trimestral de Perspectivas para Commodities, que a imposição de tarifas adicionais pelos Estados Unidos, anunciada em julho, alterou substancialmente o panorama das exportações brasileiras. A alíquota total sobre a carne bovina brasileira passou de 26,4% para 76,4%, reduzindo drasticamente a competitividade do produto frente a concorrentes como Austrália e Canadá. O impacto foi imediato: importadores americanos passaram a buscar alternativas em fornecedores tradicionais, diminuindo a presença brasileira em um mercado avaliado em mais de US$ 1 bilhão anuais.

“Apesar disso, os dados de agosto revelaram a força do setor: o Brasil registrou o maior volume mensal de exportações de carne bovina de sua história, evidenciando a eficácia da estratégia de diversificação geográfica. A China, já consolidada como principal destino, ampliou sua participação para quase 60% das compras, impulsionada pela antecipação de estoques para o Ano Novo Lunar. O México também se destacou, superando os Estados Unidos como segundo maior comprador em junho, com crescimento de três vezes nas aquisições em relação a 2024”, destacou a analista.

Outros mercados emergentes reforçaram essa tendência. Países como Rússia, Chile, Filipinas, Indonésia, União Europeia e nações do Oriente Médio contribuíram para a recomposição da pauta exportadora. A Indonésia, por exemplo, aumentou suas compras em seis vezes em relação ao ano anterior. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), o Brasil exportou 268 mil toneladas de carne bovina em agosto — um crescimento de 23,5% em relação ao mesmo mês de 2024. No acumulado de janeiro a agosto, os embarques somaram 1,8 milhão de toneladas, frente a 1,5 milhão no mesmo período do ano anterior. Com esse ritmo, o país caminha para superar o recorde histórico de 2,5 milhões de toneladas exportadas em 2024.

No mercado interno, segundo Larissa Alvarez, a demanda também apresenta sinais de fortalecimento. O último trimestre do ano é tradicionalmente marcado por fatores sazonais, como as comemorações de fim de ano e o pagamento do décimo terceiro salário, que ampliam o poder de compra das famílias e impulsionam o consumo de proteínas animais. “A carne bovina, por seu valor simbólico e cultural, mantém-se como protagonista nas celebrações, permitindo algum repasse de custos ao consumidor final sem queda acentuada na demanda”, destacou.

A competição entre proteínas também influencia esse cenário. Após a queda dos preços do frango no início de 2025, provocada pela gripe aviária, houve impacto negativo sobre a carne bovina. No entanto, a retomada das exportações de frango promoveu recuperação de preços, reduzindo a oferta interna dessa proteína e reforçando a atratividade relativa da carne bovina. “Como maior exportador mundial de frango, o Brasil tende a ver esse movimento refletido em uma valorização adicional da carne bovina no mercado doméstico”, pontuou.

Do ponto de vista da oferta, o último trimestre é marcado pelo início da estação de monta e pela maior disponibilidade de animais terminados em confinamento, especialmente destinados à demanda asiática. Conforme explica a analista, as estatísticas mais recentes indicam redução gradual do abate de fêmeas, em linha com a sazonalidade, mas os volumes ainda permanecem elevados, com destaque para novilhas. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), cerca de 40% dos abates concentram-se em animais com menos de 24 meses, o que reforça a importância do acompanhamento dessa categoria para a recomposição futura do rebanho.

As escalas de abate encontram-se mais longas, refletindo o maior número de contratos antecipados pelos frigoríficos. Esse movimento reduz a participação das negociações à vista e pode atuar como fator de contenção sobre os preços no mercado físico. Ainda assim, a expectativa é de que a firmeza da demanda — tanto externa quanto interna — neutralize pressões baixistas provenientes da maior oferta dos confinamentos.

“A capacidade de redistribuição geográfica da oferta, somada à flexibilidade logística e à eficiência operacional da indústria brasileira, evidencia a maturidade do setor exportador. Mesmo diante de incertezas comerciais e possíveis pressões cambiais, o Brasil se mantém como referência global em qualidade, volume e confiabilidade na produção de carne bovina”, finalizou Larissa.

Com perspectivas positivas para o encerramento do ano, o país se prepara para consolidar um novo recorde histórico de exportações, reafirmando seu papel estratégico no abastecimento mundial de proteína animal.

Baixe o relatório completo de Perspectivas para Commodities da StoneX aqui.

Sobre a StoneX 

A StoneX é uma empresa global e centenária de serviços financeiros customizados, com presença em mais de 70 escritórios pelo mundo, conectando mais de 300 mil clientes em 180 países. No Brasil, é especialista em desenvolver estratégias de gestão de riscos para proteger o lucro independente da volatilidade do mercado. Também atua em banco de câmbio, inteligência de mercado, corretagem, mercado de capitais de dívida, fusões e aquisições, investimentos, trading e ESG – consultoria de soluções sustentáveis.  

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