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27 de agosto de 2025 - 19:47h

A Folha Agrícola

Milho: pesquisa analisa opções para controle da mancha branca

Projeto analisa dados de todas as regiões produtoras de milho segunda safra

Um artigo recentemente publicado no conceituado periódico científico internacional Crop Protection apresenta o mais amplo panorama já realizado no país sobre o controle da mancha branca do milho. O trabalho abrange 87 ensaios de campo conduzidos durante nove anos (2016 a 2024) em cinco estados e no Distrito Federal, e oferece informações seguras para definir estratégias de combate à doença.

De acordo com diferentes estudos, a mancha branca, no Brasil, é associada a dois possíveis agentes causais — a bactéria Pantoea ananatis e o fungo Phaeosphaeria maydis — e se espalha com facilidade nas áreas de cultivo. Independentemente do agente, o resultado é o mesmo: provoca lesões nas folhas, prejudica a fotossíntese das plantas e, por fim, reduz a quantidade, tamanho e peso dos grãos.

“É uma das principais doenças foliares do milho no bioma Mata Atlântica brasileiro. Pode causar perdas superiores a 40% em lavouras suscetíveis e seu avanço está ligado ao crescimento da segunda safra — responsável por mais de 70% da produção nacional do cereal”, afirma Adriano de Paiva Custódio, pesquisador do IDR-Paraná e coordenador do projeto.

RESULTADOS — Custódio explica que os experimentos seguiram protocolo padronizado: cultivo em sistema plantio direto, uso de híbridos suscetíveis e três aplicações sequenciais de fungicidas — no estádio V8 (oito folhas completamente desenvolvidas), no pré-pendoamento e no início da formação dos grãos.

“Usamos ferramentas estatísticas capazes de integrar e interpretar grandes volumes de dados para identificar padrões confiáveis de desempenho”, ele explica.

De acordo com o pesquisador, todos os fungicidas testados reduziram a severidade da mancha branca. A eficácia variou de 53,2% a 71,3%, com destaque para a mistura difenoconazol + pydiflumetofen, que proporcionou o melhor controle e ganhos médios superiores a uma tonelada de grãos por hectare.

“Misturas triplas combinando estrobilurinas, triazóis e carboxamidas também mostraram alto desempenho; o menor controle foi obtido com produtos multissítio, como o mancozebe e clorotalonil”, ele aponta.

São chamados de “multissítio” os fungicidas capazes de atuar em diferentes pontos do ciclo metabólico dos fungos.

A análise econômica, feita com simulações de 50 mil cenários de preço e produtividade, mostrou que a possibilidade de obter lucro com o uso de fungicidas variou de 60% a 87%, dependendo do produto. O mancozebe, por exemplo, mostrou o maior retorno médio, US$ 70 por hectare, mesmo sem estar entre os mais eficientes no controle. “Isso indica que nem sempre o produto com maior efeito técnico é o mais vantajoso do ponto de vista de resultado econômico”, ressalta Custódio.

O artigo sugere ainda que a escolha do manejo deve considerar não apenas o controle da doença, mas também a sustentabilidade do sistema. “O uso combinado de fungicidas multissítio e produtos de ação específica diminui o risco de criar resistência a determinados princípios ativos, e a adoção de híbridos mais resistentes semeados no início do zoneamento agrícola tende a diminuir a pressão da doença e a necessidade de aplicações químicas”, conclui o pesquisador.

Interessados em ler o artigo na íntegra podem obtê-lo AQUI.

REDE — O estudo foi desenvolvido no âmbito da Rede Fitossanidade Tropical (RFT), proposta que propõe impulsionar a colaboração entre centros de pesquisa para desenvolver estudos sobre doenças, pragas e plantas daninhas nas culturas de milho, soja, algodão, feijão e trigo.

A RFT reúne 34 centros de pesquisa, públicos e privados, e diversos apoiadores do setor produtivo, fomento e indústria. Mais informações, AQUI.

SEMINÁRIO NACIONAL — Questões fitossanitárias, como a mancha branca, e outros desafios da cadeia produtiva na segunda safra compõem a programação do XVIII Seminário Nacional de Milho Safrinha, encontro que será realizado pelo IDR-Paraná de 9 a 11 de setembro, em Londrina – PR.

O evento, referência nacional no debate de tecnologias e inovações da cultura, é uma promoção da ABMS (Associação Brasileira de Milho e Sorgo) e deve reunir cerca de 500 participantes, entre técnicos, pesquisadores, professores, estudantes e agricultores.