A ambiência é um dos pilares da suinocultura e exerce influência direta no desempenho zootécnico, sanidade e bem-estar dos animais em todas as etapas do ciclo produtivo. Variáveis como temperatura, umidade, ventilação, luminosidade e qualidade do ar devem ser rigorosamente controladas para garantir que os suínos expressem seu máximo potencial genético e produtivo.
Segundo o médico-veterinário Patryck Dias, da Auster Nutrição Animal, a ambiência é um dos fatores mais estratégicos e muitas vezes subestimados nos sistemas intensivos de criação. “A suinocultura industrial depende completamente de ambientes controlados. Os animais não têm liberdade para buscar conforto térmico por conta própria. Por isso, cabe a nós, profissionais e produtores, criar esse ambiente ideal. Ignorar esse ponto é comprometer a produtividade, o bem-estar e, principalmente, a sustentabilidade do sistema”.
Durante a gestação, a ambiência interfere diretamente no conforto da matriz e no desenvolvimento fetal. “Temperaturas elevadas, por exemplo, podem provocar estresse severo, reduzindo a prolificidade e aumentando o risco de abortos”, explica Patryck.
Na fase de lactação, o desafio é equilibrar o conforto térmico da fêmea e dos leitões. Enquanto a matriz suína se desenvolve melhor em temperaturas entre 18°C e 22°C, os recém-nascidos exigem aquecimento extra, já que ainda não possuem regulação térmica eficiente. “O uso de lâmpadas infravermelhas ou placas aquecidas podem ser alternativas interessantes, já que o aquecimento torna-se essencial para garantir sobrevivência e bom desenvolvimento dos leitões nesse período”, destaca o médico-veterinário da Auster.
Na creche, os animais enfrentam uma série de mudanças simultâneas, nova dieta, novo ambiente e adaptações imunológicas. Nessa fase crítica, qualquer falha na ambiência pode levar a quadros de estresse térmico, diarreias, infecções e perda de desempenho.
“A fase pós-desmame exige um manejo cuidadoso para assegurar uma boa saúde e crescimento dos animais. Além da temperatura, investir também em ventilação adequada, evitar correntes de ar e manter a umidade sob controle é essencial para manter os leitões saudáveis”, ressalta Patryck.
Já nas fases de crescimento e terminação, a ambiência continua sendo determinante. Temperaturas acima de 28°C podem reduzir o consumo de alimentos, prejudicando o ganho de peso e a conversão alimentar. Além disso, a ventilação deve ser suficiente para remover gases nocivos, como amônia e CO₂, que impactam a saúde respiratória e o conforto dos animais.
De acordo com Patryck Dias, a suinocultura tem se beneficiado de diversas tecnologias voltadas ao controle ambiental, como os sistemas de ventilação natural e forçada; equipamentos de aquecimento suplementar nas maternidades e creches; sistemas de resfriamento (cooling), especialmente em regiões de clima quente; sensores automatizados para monitoramento contínuo de temperatura e umidade; além de treinamento contínuo das equipes de manejo.
“Ambiência é mais do que conforto térmico. Ela representa um investimento em saúde, produtividade e sustentabilidade. E é justamente isso que o futuro da suinocultura exige de todos nós”, assinala o veterinário da Auster.