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27 de setembro de 2025 - 10:03h

A Folha Agrícola

Aumento de temperatura e umidade na primavera trarão impacto positivo para a agricultura 

Fenômeno La Niña se forma entre outubro e dezembro; previsão meteorológica favorece abastecimento de reservatórios e plantio da safra 2025/26 nos próximos meses

A primavera começa oficialmente na próxima segunda-feira (22), às 15h19 (horário de Brasília), marcando a transição do inverno para o verão no Brasil. O período deve trazer aumento de temperatura e umidade, o que favorece a formação de áreas de instabilidade típicas da estação. A expectativa é de condições positivas para o setor elétrico e para a agricultura, segundo análise da Nottus, empresa de inteligência de dados e consultoria meteorológica para negócios.

“O mês de setembro iniciou com pouca chuva em boa parte do país, com maior concentração no Rio Grande do Sul. Ao mesmo tempo, observamos a evolução gradual das instabilidades na Amazônia, o que é típico da transição para o período úmido. Nos próximos dias, sistemas frontais alimentados por essa umidade devem trazer os primeiros episódios de chuva ao Sudeste e Centro-Oeste”, avalia Desirée Brandt, sócia-executiva e meteorologista da Nottus.

Segundo a especialista, a primavera deve começar com episódios de frio, mas com menor intensidade do que as ondas observadas no último inverno. As temperaturas tendem a se elevar com mais facilidade, o que é habitual para essa época do ano, sem risco de ondas de calor persistentes.

Evolução do La Niña – A condição do Oceano Pacífico merece atenção neste ano. O resfriamento da região central equatorial já indica a formação do fenômeno La Niña, que deve seguir até o início de 2026. Para essa confirmação oficial, a anomalia negativa precisa se manter por ao menos três trimestres móveis consecutivos. Pelo CPC-NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), a probabilidade de ocorrer o La Niña de outubro a dezembro é de 71%, e pode persistir até o início de 2026.

Chuva nos próximos meses – De acordo com o Modelo Europeu (ECMWF), outubro deve marcar o início efetivo do período úmido nas áreas centrais do país. Em novembro, as precipitações tendem a se intensificar no eixo Sudeste-Norte, com a expectativa de volumes acima da média em boa parte do território. Em dezembro, o cenário úmido se consolida, com acumulados expressivos desde o Sudeste até a região Norte do país, além de registros importantes no Sul.

Reservatórios em recuperação – Para o setor elétrico, a previsão para a nova estação é considerada favorável. Apesar da influência do La Niña, não há risco de estiagem prolongada no Sul. A previsão é de chuvas próximas ou acima da média nas bacias do Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, o que deve assegurar a recuperação das vazões e reservatórios do país.

“Nos próximos meses, a geração eólica e solar tende a perder força, mas a retomada das chuvas deve compensar essa redução. Esse equilíbrio é essencial para garantir a segurança do abastecimento energético no Brasil”, afirma Alexandre Nascimento, sócio-diretor da Nottus.

Semeadura escalonada, sem atrasos – Na agricultura, a previsão também é positiva. A chuva deve evoluir gradativamente pelas áreas produtoras, começando pelo Sul, passando pelo Cerrado e até chegar no Matopiba, que compreende áreas do Maranhão, Tocantins, Piauí e da Bahia. Esse cenário permitirá que o plantio da produção da safra de grãos, especialmente, soja e milho de verão 2025/26 ocorra de forma gradual, mas dentro do calendário previsto.

“A chuva evolui de forma gradual pelas áreas produtoras, o que pode levar a uma semeadura de forma escalonada. O plantio deve avançar conforme a chuva evolui, sem grandes atrasos”, complementa Brandt.

Entre outubro e dezembro, as precipitações devem se intensificar no centro e norte do país, favorecendo culturas como soja e milho da primeira safra. O excesso de chuva, em alguns momentos, pode aumentar o risco de pragas e doenças fúngicas. Nesse cenário, a Nottus recomenda acompanhamento constante das previsões climáticas para orientar manejos e aplicações.