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25 de dezembro de 2024 - 3:02h

A Folha Agrícola

O milho safrinha já está no campo e exige cuidados do produtor

Clima, solo, pragas, adubação e nutrientes devem ser observados para uma boa colheita

A colheita da soja avança no país com quase 65%, das lavouras colhidas (23/24), no Paraná já ultrapassa os 80%, segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado. O plantio do milho segunda safra (safrinha) vem ocorrendo dentro da janela, com algumas diferenciações em sua fase de crescimento, apesar dos fatores climáticos atuais, que afetam as operações agrícolas e resultados, o que torna o ciclo do milho safrinha um grande desafio para o produtor e uma importante fonte de renda.

Um bom planejamento de safra com boas práticas de manejo e tratos culturais devem ser observados, com a finalidade de melhores resultados no enfrentamento às adversidades climáticas, que passam por cuidados com o solo, semeadura, adubação, questões nutricionais, entre outros.

A coordenadora de Tecnologia e Nutrição da Belagricola, Letícia Ferreira, orienta, para quem ainda vai plantar, que na fase da semeadura deve-se observar a umidade do solo, já que sementes de milho necessitam absorver aproximadamente 35% de água em relação à sua massa seca para iniciar o processo de germinação. O tratamento de sementes é outro fator a ser observado e sempre que possível optar pelo tratamento industrial.

É necessário também estar atento à regulagem da semeadora. A uniformidade no plantio, com a correta distribuição das sementes (espaçamento) e do fertilizante, evitam plantas duplas e falhas e garantem o bom contato da semente com o solo, semeando na profundidadede 3 a 5 cm, dependendo da textura e umidade. Outro fator é o acompanhamento da emergência apropriada com o controle de pragas e doenças no desenvolvimento do milho.

Ataques de Pragas: percevejo e cigarrinha

Uma vez o stand estabelecido, a atenção deve ser voltada ao ataquede pragas, sendo as principais o percevejo Barriga Verde (Dichelops furcatus e D. melacanthus) e a Cigarrinha do Milho (Dalbulus maidis). E em caso de ataque, o produtor deve solicitar ajuda técnica.

O percevejo Barriga Verde, pela saliva, injeta toxinas na planta que prejudicam o seu sistema de crescimento. Em ataques severos, ocorre a morte da planta, o chamado “coração morto”. Segundo Letícia Ferreira, o período crítico de danos vai desde a emergência da planta até o estádio fenológico V3 (terceira folha completamente desenvolvida, com o “colar” visível). Nesta fase, o controle deve ser realizado quando o produtor encontrar 0,8 percevejos/m², pois este estágio vegetativo da planta é altamente susceptível devido ao menor calibre de colmo, o que permite que o estilete da praga atinja diretamente o ponto de crescimento, aumentando a probabilidade de ocasionar o “coração morto”. Porém, o potencial de danos se estende até o estádio V6 (seis folhas com colar visível).

Outra praga preocupante é a Cigarrinha, que contamina a planta do milho com molicutes (microorganismos), que ocasionam o enfezamento pálido (espiroplasma) e o enfezamento vermelho (fitoplasma). Os sintomas que aparecem são lesões necróticas e o enrolamento das folhas evoluindo para o enfraquecimento da planta, deformação e redução do porte na espiga e, em casos severos, a morte da planta. “Como não é possível identificar a campo quais cigarrinhas estão contaminadas com os molicutes, não há um nível de controle seguro para a praga, devendo ser realizado de acordo com a presença do inseto na lavoura. O potencial de dano crítico ocorre desde a emergência até V8, podendo se estender até VT (pré pendoamento)”, explica a técnica da Belagrícola, que orienta associar o controle químico com o biológico, no combate induzindo a resistência da planta, alternativa mais eficaz para manter as pragas abaixo do nível de dano.

A coordenadora de Tecnologia e Nutrição da Belagricola comenta que o controle químico tem uma ação mais rápida, porém com residual menor, já os microrganismos como Beauveria bassiana, Metarhizium anisopliae e Isaria fumosorosea são bioinseticidas altamente eficazes no parasitismo das pragas,  com potencial de manter a ação por mais tempo na lavoura. “Além disso, podemos lançar mão de produtos que induzem as plantas a se tornarem mais resistentes ao ataque de pragas e doenças, dentre eles estão os fosfitos (de cobre, de manganês, de potássio), compostos salicílicos e alguns aminoácidos que atuam no sistema de defesa das plantas”, complementa Letícia.

Plantas daninhas. Manter o controle

As plantas daninhas competem diretamente com a cultura do milho por água, luz e nutrientes e ainda servem de abrigo e refúgio para as pragas que causam danos econômicos. O controle deve ser realizado antes do fechamento das linhas da cultura, com as plantas daninhas e tigueras de soja ainda pequenas, sendo de extrema importância para o estabelecimento da lavoura.

Letícia Ferreira lembra que o potencial produtivo da cultura do milho é definido por volta dos estádios V4 e V5, em razão da diferenciação floral, estágio em que muitas plantações da safrinha devem estar. Nesse período, a planta origina os primórdios do pendão e da espiga, e ocorre a diferenciação de todas as folhas. “Por isso, a adubação de cobertura com nitrogênio deve ser realizada até esse período. Além disso, de acordo com a necessidade, o uso de micronutrientes via foliar também tem demonstrado bons resultados”.

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