O Pastoreio Racional Voisin (PRV) é uma técnica de manejo agroecológico que organiza a pastagem em piquetes, permitindo um uso eficiente do solo e dos recursos forrageiros. Esse sistema busca equilibrar a produtividade da pastagem e dos animais, promovendo o bem-estar animal, a regeneração do solo e a preservação do meio ambiente.
Na Estação de Pesquisa em Agroecologia do IDR-Paraná em Pinhais (PR), o sistema mostrou resultados positivos na manutenção da fertilidade do solo, como aponta o artigo “Influência do Pastoreio Racional Voisin (PRV) em área Silvopastoril sobre a fertilidade do solo”.
O estudo reúne dados de 17 anos de análise de solo e compara os níveis de nutrientes na área que anteriormente foi utilizada para a produção de frutíferas convencionais, com uso intensivo de agrotóxicos e adubos químicos. Em 2006, ocorreu o início da transição agroecológica e hoje o local é utilizado para a recria de novilhas.
“Durante todo esse tempo do estudo, na área não foi colocado calcário e nem adubo químico solúvel. A fertilidade e a reposição de nutrientes foi feita com o esterco dos animais e com a serapilheira caindo das árvores. Tudo isso aumenta a ciclagem de nutrientes”, explica o extensionista do IDR-Paraná e um dos autores do artigo, Evandro Richter.
As árvores plantadas no ano de 2007 foram principalmente de espécies nativas como bracatinga, angico, aroeira, araçá e ariticum, o que possibilitou a implantação do sistema silvopastoril. O PRV foi implantado no mesmo ano.
A união dos dois sistemas visa driblar a degradação das pastagens, causada principalmente pelo sobrepastoreio e a redução da produção de forragens devido às mudanças climáticas. A pastagem utilizada é polifítica, ou seja, apresenta variabilidade entre espécies leguminosas e forrageiras. Essa diversidade traz benefícios como: melhorar a fertilidade do solo, resiliência climática, nutrição balanceada para os animais, fortalecer o sistema contra pragas, otimizar o sequestro de gás carbônico da atmosfera.
Outro ponto de destaque dentro do consórcio é o conforto dos animais. As árvores conferem barreiras contra o vento e fornecem sombra. “Mesmo com o sol das 14h, os animais conseguem ter áreas de conforto térmico para descansar e praticar os hábitos de ruminantes. Nós conseguimos dar uma condição de alimentação e de bem-estar animal adequada para toda produção, seja de bovinos leiteiros ou de corte”, ressaltou Richter.
Além da pesquisa desenvolvida na Estação de Pesquisa em Agroecologia, o experimento serve como vitrine para os visitantes, inclusive agricultores que podem se inspirar e implantar o consórcio nas propriedades.
O artigo foi apresentado no X Congreso Latinoamericano de Agroecología, que aconteceu em outubro de 2024 em Asunción, Paraguai. O texto pode ser acessado neste link.