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9 de dezembro de 2024 - 14:46h

A Folha Agrícola

Aplicar formulações avançadas de defensivos exige cuidados especiais

O especialista e químico Amarildo Amente, detalha os reflexos no setor dessas soluções agrícolas, destacando o papel crítico na otimização de uso e redução de impactos ambientais

À medida que o mundo enfrenta desafios crescentes de sustentabilidade e segurança alimentar, a inovação nas formulações de defensivos agrícolas se apresenta como um componente crucial. Estima-se que técnicas avançadas dessas soluções podem reduzir o uso de ingredientes ativos em até 20%, minimizando o impacto ambiental enquanto mantêm ou até aumentam a eficácia dos produtos.

Essas formulações não são meramente misturas de substâncias químicas, mas sim, o resultado de intensas pesquisas e desenvolvimento com o objetivo de alcançar o máximo de eficácia com o mínimo impacto negativo possível. “A eficácia de um defensivo agrícola depende substancialmente da formulação. Não se trata apenas de quais ingredientes são usados, mas de como são combinados e aplicados. A escolha e proporção certas podem significativamente aumentar a absorção das plantas e reduzir a quantidade de produto necessária", afirma Amarildo Ament, Químico Industrial e Responsável por Tecnologia e Desenvolvimento de Produtos. Ele falou sobre o assunto durante o 2º episódio do Podcast da Ascenza.

A indústria está passando por uma transformação significativa, impulsionada pelos avanços na ciência das formulações químicas. Atualmente, a simples tarefa de combater pragas e doenças não é suficiente; é fundamental que isso seja realizado de maneira responsável e eficiente. As formulações modernas, como concentrados emulsionáveis (EC), suspensões concentradas (SC), microemulsões e nanoemulsões, estão liderando essa mudança.

“Estamos agora olhando para formulações que não só aumentam a eficácia dos tratamentos, mas também contribuem para a sustentabilidade global. Por exemplo, alternativas com aditivos que reduzem a fotodegradação ou aumentam a resistência à lavagem por chuva”, diz Ament.

O papel dos surfactantes nas formulações EC, por exemplo, é o de ajudar na formação de micelas, que aumentam a área de contato do produto com a planta, melhorando a absorção e a efetividade. Segundo o especialista, tecnologias como o superespalhamento, que reduzem o ângulo de contato das gotas de aplicação, garantem que os defensivos cubram uma área maior e se fixem melhor às folhas, otimizando a quantidade de produto utilizado.

Estas novas formulações são projetadas para melhorar a solubilidade e a dispersão dos ingredientes ativos, garantindo que sejam mais facilmente absorvidos pelas plantas e menos dispersos no ambiente. Essa abordagem não só melhora a eficácia do tratamento das culturas, mas também reduz a quantidade de químicos necessários, diminuindo a contaminação do solo e das fontes de água.

“O caminho é identificar as melhores substâncias e componentes, os melhores surfactantes para a formulação. E aí por meio de testes de laboratório e de eficácia no campo, consegue-se desenvolver uma formulação em que os surfactantes e os tensoativos entreguem qualidade”, conta Ament.

Além da eficácia, a estabilidade dos produtos é outra grande preocupação abordada pelas novas formulações. Produtos que incluem aditivos para reduzir a fotodegradação são vitais em ambientes com alta exposição à luz solar, onde os defensivos tradicionais poderiam perder rapidamente sua ação.

Educação e implementação

Esses avanços também consideram a segurança na manipulação, armazenamento e transporte dos produtos. “Formulações que utilizam solventes menos voláteis ou inflamáveis contribuem para um ambiente de trabalho mais seguro e ajudam a evitar acidentes, que podem ter consequências desastrosas tanto para os trabalhadores quanto para o ambiente”, pontua o profissional.

Ament sublinha a importância de programas de treinamento e informação para agricultores e técnicos, garantindo que as vantagens dessas formulações avançadas sejam plenamente realizadas. Com uma aplicação adequada, essas tecnologias não apenas maximizam a produção agrícola, mas também promovem práticas mais sustentáveis. “Precisamos garantir que todos os envolvidos na cadeia agrícola entendam e implementem essas novas formulações. A educação e treinamento são fundamentais para adaptar essas tecnologias de forma segura e eficaz”, endossa.

As novas formulações de defensivos agrícolas representam um componente chave para uma agricultura mais sustentável e eficiente. Ao combinar ciência avançada com práticas responsáveis, a indústria pode não apenas enfrentar os desafios atuais de sustentabilidade, mas também garantir um futuro mais seguro e produtivo.

Você pode ouvir o podcast completo da Ascenza sobre esse assunto no endereço: https://ascenza.com.br/pt-br/podcast-ascenza

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