Com a colheita de 268,4 sacas por hectare no cultivo em sequeiro, um agricultor de Campos de Júlio confirma o protagonismo e a vocação do município mato-grossense
Com 268,4 sacas de milho por hectare no cultivo em sequeiro, o agricultor Mateus Passinatto, de Campos de Júlio (MT), conquistou o primeiro lugar no Concurso Nacional de Produtividade do Milho Inverno 2025, promovido durante o Fórum Getap 2025. O resultado reforça mais uma vez o alto nível técnico e o comprometimento dos agricultores brasileiros com a excelência produtiva e reafirma o protagonismo do município mato-grossense, que, mesmo com apenas 31 anos de emancipação e população inferior a 10 mil habitantes, figura entre as referências brasileiras na produção de grãos.
A façanha de Passinatto não surgiu por acaso. É fruto de um trabalho de longo prazo, alinhado à tradição familiar no agronegócio. “Sou neto e filho de produtores. Meus pais deixaram o Rio Grande do Sul em 1981 para desbravar o Centro-Oeste e se estabeleceram em Mineiros (GO), dedicando-se à agricultura. Com muito esforço, adquiriram propriedades, entre elas a fazenda em Campos de Júlio”, relembra.
A sucessão ocorreu gradualmente. Após iniciar os quatro filhos no manejo agrícola, a família arrendou suas propriedades para cada um deles, ficando a fazenda Santa Inês sob responsabilidade de Mateus. “O desafio foi grande, mas me preparei. Errei, acertei e sempre tive o apoio da família”, afirma.
Gestão técnica e foco no solo
Hoje, a fazenda Santa Inês é referência regional em organização, tecnologia e gestão de precisão. São 3.000 hectares no total: soja na safra principal, 2.500 hectares de milho na safrinha e 500 hectares destinados à rotação de culturas e cobertura, integrados ao sistema de Integração Lavoura-Pecuária, que contempla o pastejo do gado do pai.
O ponto central do manejo é o cuidado com o solo. Desde que assumiu a propriedade, Passinatto implementou um programa contínuo de diagnóstico e correção. “Quando chegamos, a fazenda estava arrendada. Começamos com análises detalhadas para entender a nutrição e a compactação do solo”, explica. A partir do mapeamento dos talhões com produtividade abaixo da média, iniciou-se um processo de correções, como descompactação e aumento das doses de calcário, orientado por consultoria especializada em agricultura de precisão. “Foram nove anos de trabalho para chegar a esse resultado”, destaca o produtor.
Outro apoio importante veio da consultoria da Pioneer®, uma marca da Corteva Agriscience, que acompanhou o processo e contribuiu para os ajustes finais do sistema produtivo. “O grande diferencial foi o alinhamento entre consultoria, equipe técnica e operacional. O reconhecimento do Getap valida todo esse empenho”, afirma o campeão.
Um polo de produtividade
A vitória de Passinatto reforça a vocação de Campos de Júlio para altas produtividades. O município vem acumulando títulos no concurso do Getap: Adalberto Ceretta foi campeão em 2023 (237,6 sc/ha), seguido por Artur Volpatto em 2024 (230,9 sc/ha) e, agora, Passinatto com o recorde de 2025. “Esses resultados comprovam o potencial da região e motivam outros produtores a se desafiarem. Sabíamos do potencial, mas o número foi realmente expressivo, e as condições climáticas também contribuíram”, avalia.
Além do reconhecimento, Passinatto destaca que o concurso possibilita o compartilhamento de informações e aperfeiçoamento com agricultores de várias regiões do país. “Com a análise detalhada que fizemos na área inscrita, coletamos muitos dados. Somado a isso, tivemos muitas trocas de ideias e agora podemos aplicar em outras partes da fazenda todo esse conhecimento acumulado para elevar a produtividade média”, conclui.
Sobre o Getap
O Getap foi idealizado para reunir especialistas do agronegócio, discutir temas relevantes e disseminar conhecimento e boas práticas no manejo da cultura do milho, com o objetivo de incentivar o cultivo eficiente no Brasil. A iniciativa tem como curadora a Céleres, além de apoiadores importantes, como a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo) e Abisolo (Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal).
O concurso contou ainda com apoio da Bayer, Corteva, ICL, Stoller e Ubyfol.