Comentário Eng. Ivo Pugnaloni:
Essa matéria do Jornal O Dia é muito importante para entendermos melhor as coisas do mundo da energia elétrica, indispensável em nosso tempo, para qualquer ser humano. E o que está acontecendo na Austrália já está acontecendo no Brasil.
Use agora mesmo da sua memória para lembrar que no dia 15 de agosto de 2023, às 8:30 da manhã, um grande apagão nacional assolou o Brasil durante 22 horas devido a um problema semelhante, mas causado por uma calmaria dos ventos no Oceano Atlântico.
Explicando esse fenômeno em poucas palavras: embora os painéis solares produzam apenas durante 6 a 7horas por dia, o sistema de transmissão que usam, precisa ser projetado para o máximo de corrente elétrica gerada. Ou seja, ele passa mais de 18 horas abaixo de sua capacidade total, ocioso.
É fácil entender que alguém tem que pagar por essa ociosidade, essa folga.
E você deve imaginar quem paga por essa folga, não é?
O problema é que outro tipo de fontes geradoras que são permanentes e não intermitentes como as hidroelétricas e as termoelétricas fósseis, que produzem durante 24 horas por dia, assinaram contratos de fornecimento que precisam ser cumpridos, e isso exige que o sistema possa ser usado.
E aí é que começa um “engarrafamento” do sistema, como se fosse uma cidade, onde as avenidas e ruas não conseguem dar passagem ao tráfego nos horários de entrada e saída do trabalho das pessoas.
As solares e as eólicas, por serem fontes intermitentes, acendem e apagam conforme a existência de sol e de vento. Devido a essa deficiência, elas ganharam um tipo de passaporte, de preferência especial, nesse “trânsito”.
Mas como os contratos das hidrelétricas e térmicas devem ser respeitados, os governos e os operadores dos sistemas estão submetendo essas duas fontes a uma restrição chamada “curtailment.
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O curtailment é a redução ou corte forçado da geração de energia, especialmente em usinas de fontes renováveis, como eólicas e solares, quando a produção supera a capacidade de consumo ou de transmissão do sistema elétrico.
Mas por que isso acontece assim em alguns lugares do mundo como no Brasil e na Austrália?
Ora, isso acontece em países onde, propositalmente, para incentivar fontes renováveis, mas intermitentes, os governos deixaram de PLANEJAR as quantidades, os preços e o tipo de energia que deve e pode ser produzida em cada horário.
Risco de negócio para o investidor. Cobrança igual de impostos pelos governos. Não importando se exista ou não energia solar chegando na casa do cliente.
Saiba mais em www.enercons.com.br e torne-se um pequeno gerador hidrelétrico porque o governo recomeçou a comprar energia permanente nos leilões.
*Ivo Augusto de Abreu Pugnaloni é engenheiro eletricista pela UFPR. Foi diretor de planejamento da COPEL e diretor presidente da COPEL DISTRIBUIÇÃO, diretor do Instituto Estratégico do Setor Elétrico (ILUMINA), fundador e primeiro presidente da ABRAPCH, associação brasileira de pequenas hidrelétricas, secretário adjunto de transportes de Curitiba, membro do Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia do Paraná. professor do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná e membro do Grupo de Diretrizes do Setor Elétrico do primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje Ivo é o presidente da ENERCONS Projetos e Consultoria em Energias Renováveis e da ENERBIOS Consultoria em Energias Renováveis e Meio Ambiente
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A operadora da rede elétrica alertou, no último trimestre de 2024, que a demanda por energia estava perigosamente baixa, o que poderia comprometer a estabilidade do sistema e resultar em apagões pelo país.
Uma em cada três residências na Austrália possui painéis fotovoltaicos conectados à rede elétrica, proporção que reduziu a demanda por energia da rede. Essas casas ainda remetem o excedente não utilizado, aumentando a oferta diante de uma demanda reduzida.
Fonte: Jornal O Dia