Levantamento nacional sobre recuperação de crédito no B2B, feito pela Global, aponta necessidade de ação rápida e tecnologia para reduzir prejuízos
Débitos com mais de 20 dias de atraso nas relações comerciais B2B são mais difíceis de serem recuperados, aponta o Índice Global de Recuperação de Crédito B2B (IGR), produzido pela Global – Hub de Soluções de Relacionamento e Cobrança e maior recuperadora de crédito B2B do país.
Com o custo extra das tarifas de 50% impostas pelos EUA a partir de 1º de agosto, muitas empresas brasileiras já enfrentam desequilíbrio de caixa. Em resposta, o governo federal estuda programas pontuais de socorro, enquanto São Paulo anuncia R$ 200 milhões em linhas de crédito subsidiadas para exportadores afetados. “Estamos vendo um cenário em que o ‘tarifaço’ afeta diretamente a liquidez do B2B e, consequentemente, a capacidade de pagamento dos clientes. Por isso, tecnologia que acelere os acordos é mais urgente do que nunca”, afirma Silvano Boing, CEO da Global.
O estudo da Global, IGR, foi elaborado com dados dos títulos em atraso que a empresa recebeu de seus clientes no primeiro semestre deste ano. No total foram analisados mais de 870 mil títulos vencidos, que representam cerca de R$ 1,079 bilhão, recebidos de uma amostragem de 444 médias e grandes empresas de 16 setores econômicos, distribuídas nas 27 unidades federativas do país.
Ainda segundo o levantamento, mais de 82% das dívidas com até 10 dias de atraso são recuperadas, entre 11 e 20 dias de atraso a recuperação é de cerca de 70%. “Mas a partir de 21 dias de atraso já acende uma luz amarela para o empresário, que tem débitos a receber, pois a recuperação média fica na faixa de 52% e a dívida tende a se tornar crítica”, explica Boing.
O Índice fornece aos empresários e profissionais da área financeira uma visão panorâmica do cenário de inadimplência nas relações B2B, por faixa de atraso, região e setor econômico, além de refletir a distribuição do produto interno bruto (PIB) do Brasil. O Sudeste representa 47,57% dos títulos vencidos negociados, seguido pelo Sul (18,77%), o Nordeste (18,04%), o Centro-Oeste (9,08%) e o Norte (6,54%), seguindo a mesma ordem de representação de cada região no PIB nacional.
Agilidade e tecnologia são fundamentais
Para ter um melhor índice de recuperação de dívidas, as empresas precisam ser ágeis, monitorar o calendário de pagamentos para evitar picos de inadimplência e acionar o serviço de cobrança assim que ocorre o atraso. A maior parte das empresas está ciente desta urgência e 25% dos títulos recebidos tem até 10 dias de atraso, seguido de cerca de 12% que chegam à Global entre 11 e 20 dias após a data de vencimento. Mas o IGR apontou um comportamento que gera apreensão: mais de 26% dos títulos recebidos tinham mais de 180 dias de atraso e, a partir deste período, o índice de recuperação não passa dos 12%.
“As empresas precisam de uma estratégia de cobrança preventiva com lembretes de pagamento alguns dias antes e após o vencimento, pois parte dos atrasos estão relacionados a esquecimentos. Se o pagamento não ocorrer, o atraso se torna uma dívida e precisa ser realizado um fluxo de cobrança e negociação que vise garantir o pagamento, manter um bom relacionamento com o cliente e evitar problemas no fluxo de caixa”, afirma o executivo.
Também é possível detectar que nos meses que encerram os trimestres, como março e junho, há um envio maior de títulos na comparação com os meses anteriores, sendo que mais de 25% dos títulos foram encaminhados em junho. “As empresas possuem diferentes estratégias para negociar os débitos a receber, mas aguardar a proximidade do fechamento do trimestre ou semestre para iniciar o trabalho de renegociação de forma estratégica é arriscado e reduz as chances de recuperação dos valores”, completa.
Uma similaridade com o que acontece no processo de recuperação de dívidas com o consumidor final é o uso da tecnologia. Mais da metade (54%) dos acordos já acontecem por meio de canais digitais, com destaque para o WhatsApp, usado em 45% dos acordos.
As tecnologias mais avançadas, como robôs autônomos e a Soph-IA, inteligência artificial da Global, também vem ganhando espaço e já representam 10% dos acordos fechados. Entre as vantagens dos canais digitais está a possibilidade de o devedor responder conforme sua disponibilidade, com menos pressão e constrangimento, o que melhora a relação e a disponibilidade para a negociação.
Setores com recuperação mais urgente e mais resilientes
Os títulos vencidos estão divididos em 16 segmentos: Agronegócio; Alimentos e Bebidas; Atacadista e Distribuidor; Bens de consumo não duráveis; Construção e Projetos; Educação; Financeiro; Lazer e Entretenimento; Logística; Manufatura; Saúde; Serviços; Transporte; Têxtil e Vestuário; TI; e Varejo.
Os segmentos com maior número de títulos cadastrados são: Alimentos e Bebidas (18,30%), Bens de consumo não duráveis (16,05%), Financeiro (12,25%) e Atacadista e Distribuidor (10,23%), que por característica têm alto giro e grande volume de vendas e, portanto, estão mais expostos à inadimplência.
De forma geral o pagamento dos débitos é maior quando o título é mais recente. As empresas do setor de Alimentos e Bebidas, por exemplo, recuperam mais de 84% dos títulos com até 10 dias de atraso. O índice cai para 76% no período de 11 a 20 dias, para 55% no período de 21 a 30 dias, as dívidas com 31 ou mais dias de atraso tem recuperação inferior a 50% e após a 151 dias de atraso o índice é inferior a 10%.
No caso do Agronegócio, nos três primeiros intervalos de prazo a recuperação é muito elevada e depois há um comportamento similar aos demais setores. Nos títulos com até 10 dias de atraso a recuperação é de 91%, entre 11 a 20 dias de 94% e entre 21 a 30 dias de 86%, mas cai para 54% no período de 31 a 60 dias e para 40% no período de 61 a 90 dias.
Já o setor de Serviços tem mais resiliência e mantém bons índices de recuperação a longo prazo. Quando a dívida tem até 10 dias de atraso a recuperação é superior a 92%, o índice é de 79% no período de 11 a 20 dias, desce para 70% no período de 21 a 30 dias, mas o setor mantém índice de recuperação de 58% no período entre 31 a 60 dias e de 53% entre 61 a 90 dias.
Rafael Medeiros, Diretor Executivo B2B da Global, reforça que a criação do Índice Global de Recuperação de Crédito B2B visa auxiliar os empresários a antecipar os riscos e ajustar as estratégias para recuperar os débitos com decisões certeiras.
“Há poucas informações, disponíveis de forma gratuita, sobre as dívidas entre empresas, que podem criar um efeito cascata na economia. O acúmulo de débitos a receber atrapalha ou até interrompe o fluxo de caixa e em situações mais graves pode até levar ao fim de uma empresa”.
O levantamento mostra ao empresário e profissionais da área financeira que quando o título vence, o tempo começa a correr. E cada dia a mais reduz as chances de recuperação. Nos primeiros 20 dias, a taxa é altíssima. Depois, a curva despenca e acima de 3 anos, menos de 1% dos valores é recuperado. “Esperar demais pode custar caro. Por isso, agir rápido e com estratégia é essencial para evitar que a dívida vire perda” conclui Medeiros.
Sobre a Global
A Global é uma empresa líder no mercado de recuperação de crédito para o segmento B2B. Sediada em Joinville (SC), com filiais em São Paulo (SP), Florianópolis (SC), Araquari (SC) e Rio Negro (PR) e mais de mil funcionários, a empresa acumula mais de 30 anos de experiência e expertise no desenvolvimento de soluções inovadoras e personalizadas com foco em cobrança e relacionamento com clientes. Para isso, utiliza tecnologia de ponta aplicada em estratégias multicanais que abrangem as etapas de vendas, pós-vendas, preventivo, cobrança e jurídico.