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29 de setembro de 2025 - 15:12h

A Folha Agrícola

Satélites LEO e redes híbridas: como garantir conectividade em todo o Brasil

por Heber Lopes, Head de Produtos e Marketing na Faiston

A dimensão continental do Brasil sempre impôs desafios à conectividade. Regiões remotas, estradas e áreas rurais extensas ficaram por anos à margem da infraestrutura de internet. Hoje, porém, uma combinação estratégica de satélites de baixa órbita (LEO) e novas arquiteturas de conectividade surge como caminho para cobrir todo o país com sinal de qualidade.

Satélites LEO modernos orbitam a apenas algumas centenas de quilômetros da Terra – em contraste aos 36 mil km dos satélites geoestacionários (GEO) tradicionais – e isso reduz drasticamente a latência de comunicação de cerca de 600 ms (no modelo GEO) para apenas 20–40 ms, comparável à fibra óptica. Além de resposta mais rápida, essas constelações de satélites levam internet banda larga a lugares onde cabos ou torres celulares não chegam, entregando velocidades de conexão na casa das centenas de megabits por segundo, superando em muito os antigos serviços via satélite GEO limitados a poucas dezenas de Mbps.

Avanços dos satélites LEO em desempenho e alcance

A última década testemunhou uma verdadeira corrida aos satélites de órbita baixa. Custos de lançamento em queda e fabricação em massa permitiram colocar em órbita milhares de satélites LEO interligados, formando redes globais. Como resultado, o mercado vem crescendo rapidamente – estimado em US$ 177 bilhões em 2024 e projetado para atingir US$ 284 bilhões até 2029, a um ritmo de quase 10% ao ano.

E essa expansão reflete um salto técnico. A latência deixou de ser obstáculo: com LEO a cerca de 550 km de altitude, sinais de internet fazem ida e volta em poucas dezenas de milissegundos, viabilizando aplicações em tempo real como videochamadas, jogos online e controle remoto de máquinas com desempenho similar ao de redes terrestres.

A largura de banda também evoluiu – serviços de nova geração já entregam ao usuário final velocidades da ordem de 150 a 200 Mb/s, contra limites típicos de 50–60 Mb/s nas soluções geoestacionárias legadas. Outro ponto importante é a redução do custo por terminal e a facilidade de instalação, fatores que vêm contribuindo para a popularização da tecnologia.

Conectividade híbrida: a integração de redes como próximo passo

Se os satélites LEO já representam um salto em alcance e desempenho, a tendência agora é combiná-los às redes terrestres disponíveis. No Brasil e no mundo, a chamada conectividade híbrida – integração entre sinal celular 4G/5G, links satelitais, Wi-Fi público e até malhas mesh – vem se consolidando como estratégia para garantir cobertura contínua e inteligente em ambientes urbanos e rurais. Nessa lógica, o satélite atua como complemento às redes móveis, preenchendo lacunas e assegurando que a experiência do usuário seja contínua, mesmo em áreas onde antes a conectividade simplesmente não existia.

Esse modelo híbrido se consolida porque oferece uma camada extra de resiliência. Em trechos rodoviários ou ferroviários onde há cobertura 4G ou 5G, o tráfego pode ser roteado pela rede móvel, garantindo custos mais baixos e menor consumo de banda satelital. Já em zonas rurais, serranas ou na travessia de túneis, o sistema alterna automaticamente para o link via satélite, mantendo a sessão ativa sem interrupções perceptíveis para o usuário. Isso significa que um passageiro em um ônibus de longa distância pode assistir a uma videoaula ou participar de uma reunião sem quedas de conexão, mesmo atravessando áreas completamente fora da cobertura celular.

Outro ponto importante é que a conectividade híbrida não se limita a unir tecnologias diferentes, mas também a orquestrar inteligentemente recursos de rede. Roteadores de múltiplas conexões (multi-WAN), soluções de SD-WAN e algoritmos de priorização de tráfego já permitem que cada pacote de dados seja direcionado ao meio mais eficiente, levando em conta latência, disponibilidade e custo. Isso abre caminho para uma gestão de conectividade adaptativa, em que aplicações críticas – como sistemas de controle ferroviário ou telemedicina – têm prioridade de banda, enquanto usos recreativos podem ser otimizados para não comprometer a rede.

No Brasil, começam a surgir exemplos concretos desse modelo em operação. Projetos-piloto em ônibus interestaduais e ferrovias vêm unindo antenas celulares e satelitais, conseguindo manter 100% de disponibilidade em rotas de até 800 km, algo impensável há poucos anos.

No agronegócio, sensores e drones alternam entre redes móveis e satélite para transmitir dados de áreas extensas de cultivo, assegurando que a telemetria chegue mesmo em zonas sem infraestrutura terrestre. Essa lógica híbrida está se tornando o novo padrão de conectividade, porque une o melhor dos dois mundos: o alcance global dos satélites e a velocidade competitiva das redes móveis nas áreas cobertas.

Impactos estratégicos da convergência tecnológica

Com esse novo mix de conectividade, podemos esperar uma melhoria substancial na disponibilidade de serviços, na produtividade dos setores atendidos, na inclusão digital da população e na gestão de dados gerados pelas operações conectadas. Em termos de disponibilidade, essas tecnologias, juntas, garantem uma resiliência sem precedentes. Onde antes uma queda de torre de celular ou rompimento de fibra significava blackout de comunicação, agora há caminhos alternativos. Empresas poderão operar com 99,9% (ou mais) de tempo online, graças à redundância multirrede. Essa alta disponibilidade é essencial não só para manter a internet dos usuários finais, mas para sustentar sistemas corporativos e governamentais que dependem de conectividade contínua – de terminais de pagamento em postos de gasolina no interior, até sensores de monitoramento ambiental nas florestas. Para os provedores de serviço, isso representa também cumprir acordos de nível de serviço (SLAs) mais rigorosos e atender demandas de missão crítica com confiança.

A convergência de satélites LEO com redes terrestres e locais está redefinindo a maneira como pensamos conectividade no Brasil. É um momento de oportunidade: com planejamento e parcerias certas, o novo mix tecnológico pode, enfim, cobrir o Brasil inteiro – costurando nossas distâncias com o fio invisível da conectividade e abrindo caminho para um desenvolvimento mais equilibrado e inteligente em todas as regiões. Para líderes de tecnologia, a mensagem é clara: integrar soluções híbridas de conectividade será determinante para manter competitividade e expandir serviços em um país de dimensões continentais.

Sobre a Faiston

Fundada em 2001, e com um novo posicionamento de mercado desde 2021, a Faiston é uma integradora de serviços e soluções 100% nacional. Com sede em São Paulo, a empresa conta com mais de 300 funcionários e 5.500 parceiros de tecnologia em todo o Brasil. Para saber mais, acesse: https://faiston.com